domingo, outubro 30, 2005

Festa estranha, gente esquisita




Tem gente que me acha estranha. Porque gosto de coisas que nem todo mundo gosta.
Porém, graças à internet, achei outros excluídos. Pessoas com gosto semelhante e, que mesmo sem saber, fizeram com que me sentisse 'incluída' novamente. Gente que gosta de gente. Entende da mesma maneira que eu certas letras de músicas --sejam elas complexas ou simples, como a ato de pintar as unhas. Vibram com melodias aparentemente desconexas e ao mesmo tempo sublimes. Sou novamente parte de alguma coisa. Estranhos de todo o mundo, uni-vos!!

Há alguns meses, deixei três pessoas com olhar arregalado ao dizer que não gosto de Legião Urbana. Quase apanhei. Talvez não tenha me explicado bem. Há alguns anos achava as letras fabulosas, a melodia bacana. Renato Russo tem milhares de méritos. Mas certas músicas da Legião tocaram e tocam tanto que parecem piada ouvida milhares de vezes. Mesmo boa, depois de um tempo quando você ouve e logo pensa: 'lá vem aquela piada de novo'?
Ainda durante a conversa, tratei de falar mal das bandas travestidas de Legião e vocais espelhados em Renato Russo. Não dá pra gostar de Catedral, sinto muito. Quase fui espancada, mas me mantive firme, forte e operante em minha posição (e olha que sou flexível!). E novamente, sou excluída de uma coisa.

Tudo bem. "Aceito a condição", parafraseando Rodrigo Amarante. Aliás, essa minha fase de ouvir os mesmos CDs não passa já há pelo menos seis meses. ;-)

quarta-feira, outubro 26, 2005

Reflexos de 'Tiros em Columbine'




Finalmente, com dois anos de atraso, assisti hoje –ao acaso proporcionado pela programação televisiva— o documentário ‘Tiros em Columbine’, de Michael Moore.

Não haveria tema melhor para a semana em que aprovamos a continuidade da venda de armas no país. Tenho lá minhas ressalvas quanto ao cineasta –a mesma que mantenho em relação a qualquer mensagem panfletária. Mas, de fato, ‘Tiros em Columbine’ têm momentos brillhantes que, para mim, superam ‘Farenheiht 9/11’, do mesmo diretor.

Talvez essa impressão seja mais emotiva que racional. Provalvemente, venha de minha empatia com o senhor Moore no que tange à venda de armas.

No Brasil, diferentemente dos EUA (graças à Deus), a venda de armas e munição oficial não é tão simples a ponto de conseguirmos cartuchos de 9 mm no Wall-Mart. Ainda não.
Mas os mesmo entusiastas do ‘Não’ à proibição do comércio de armas de fogo já falam em rever o Estatuto do Desarmamento e reclamam do endurecimento das regras do porte –entre elas, a da obrigatoriedade do teste psicotécnico a partir de dezembro deste ano àqueles que desejam ‘se proteger’ com ajuda de um ‘trêsoitão’.

Talvez os muitos brasileiros que têm adoração pela ‘América’ ou por qualquer droga que venha da terra de Tio Sam possam, no futuro, ‘contribuir’ para que nós, tupiniquins, tenhamos um destino como os dos legítimos ‘americanos’.

Em relação ao medo, o referendo das armas provou que estamos nos aproximando cada vez mais da neurose americana.

Lá, qualquer cidadão branco pode ter uma arma conforme prevê o artigo 2º da Carta Magna do país. Aqui, aprovamos a venda de armas aos ‘civis’ que querem proteger suas famílias da crescente ‘onda de violência’. Como lá, optamos por manter esse ‘direito’ de defesa à paranóia. Quem sabe um dia julgaremos condescendente o Brasil invadir outro país e destruí-lo para defender algum direito. Avisemos desde já: não tentem tomar nossa Amazônia, estrangeiros!!

Por enquanto, diferentemente dos americanos, a maior ameaça inimiga não são os terroristas do além-mar. Eles estão mais perto. São os pobres do além-muro e das cercas-elétricas, separados dos ‘cidadãos de bem’ que poderão se armar. Talvez, quem sabe, com uma ajuda futura do Wall-Mart.

Do meu lado, meu filho Henrique de quatro anos de idade também quer opiniar. Quer que eu escreva aqui ‘“NÃO” às armas no Brasil’. Acredita que as palavras são mágicas e teriam neste espaço a força da escolha em uma urna eletrônica. E com meus os sonhos tão vagos, mergulho no dele e projeto uma humanidade menos ‘protegida’. Ao menos, não pelo poder de fogo de uma arma.

terça-feira, outubro 25, 2005

Antiácido contra Maluf

O povo sempre soube (ou pelo menos parte do povo). Mas foi preciso o suposto neo esquecido Paulo Maluf ser preso para fazer o médico de "tão nobre político" (sic), Sérgio Nahas, desconfiar da sanidade mental do paciente-- provavelmente, segundo palavras de Nahas, acometido por uma doença do comportamento que levaria tal sujeito a dizer "coisas sem nexo".

Engraçado, acredito que assim como eu milhares de brasileiros já haviam chegado à tal constatação, mesmo não tenho formação acadêmica em Medicina ou qualquer especialização na área das Ciências Biológicas.

As evidências vinham de muito, muito tempo. Raciocinem comigo: Maluf alegou a vida toda não ter contas bancárias no exterior. Embora pelo menos uma dezena de documentos provasse o contrário.

Outra (essa é clássica): Maluf prometeu enterrar sua carreira política se seu pupilo, Pitta, não fizesse um bom governo. Depois se esqueceu. Isso porque gravações da campanha atestaram a tal declaração.

Esquecimento? Alguma síndrome de "qualquer-coisa"? Ou simplesmente falta de caráter mudara de nome? Ah, se todo distúrbio como o de Maluf pudesse ser tratado com algum balbitúrico qualquer. Faltaria Gardenal a muitos lá no Congresso!!! Tô certa ou tô errada?

;-/

segunda-feira, outubro 24, 2005

Ecos do ão*



Após meses de espera e ‘silêncio’, volto aqui. Não consegui me manter calada. Indignação.


Sintomático do medo, o ‘não’ venceu hoje com folga o referendo sobre as armas e deixou-me entristecida. Desde o início fui a favor do ‘sim’. Talvez porque não tenha assistido a campanha das frentes na TV. Venceu o marketing.

Há inúmero motivos que me levaram a votar o ‘sim’. E apesar da vitória do ‘não’ eu terei minha consciência tranquila quando, eventualmente, for informada que mais uma criança morreu por disparo acidental dado pelo irmãozinho que achou a arma –pensada secreta pelo pai das vítimas. Ou quando uma garota de cinco anos de idade for novamente assassinada por um disparo de arma de fogo –diga-se, legalizada—por um insandecido no trânsito de São Paulo.

Fica uma tristeza menos pelo resultado prático em si, mais pelo que ele aponta. Cada vez mais nos distanciamos do outro. E no país das maravilhas, ter uma arma pra matar ‘ladrão’ é permitido –do ponto de vista da população. Se bandido não é gente, por que não instituímos a pena de morte de uma vez?

Sim, essa declaração poderia estar em alguma campanha da frente contra as armas. Têm alguns elementos básicos para isso. Pode emocionar corações sensíveis, coloca o interlocutor em situação desconfortável, enfim.
Mas o referendo nasceu morto. Sem mudanças e apontando para o possível sepultamento de outras iniciativas como esta –altamente dispendiosa e que consumiu R$ 274 milhões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), apesar das declarações de entusiastas (alguns derrotados) como Aldo Rebelo (PcdoB) a favor da consulta popular.


Foi um final de semana triste. Da prisão, saiu Maluf. A queda do avião na Nigéria matando 117 pessoas. E os ecos do ão vão se espalhando como um furacão –como o Wilma que atingiu o Caribe mexicano deixando pelo menos seis mortos.


E por aqui eu sigo, no ano mais estranho da minha vida. Aquele em que me tornei ‘vizinha’ de um personagem envolvido em escândalo nacional (cuja história os tantos ‘ãos’ sucessivos já quase seputaram) e deixará cicatrizes até nos meu ombro, tão novo e já tão gasto.




*É o nome da primeira faixa do CD Falange Canibal, de Lenine

quinta-feira, outubro 06, 2005

Enquanto o ombro não melhora...





Passo os dias a pensar: porque escolheste o jornalismo, Stela?
Será que aos oito anos de idade não tinha nada melhor pra fazer?