segunda-feira, julho 16, 2007

1977: Como chego aos 30 anos caipira, sob influência de Cameron Crowe e interessada em Números Mágicos.




De quebra, um pouco sobre o rock.

Cameron Crowe tem dirigido não só filmes que tenho prazer em ver, rever e colecionar, mas meu próprio gosto musical. Sou totalmente suscetível às trilhas sonoras dos filmes de Crowe. Totalmente, sem eufemismo, como muitos costumam usar tratar estas grandezas por aí.

Diretor de filmes como Vanilla Sky, Quase Famosos e o meu favorito, Tudo Acontece em Elisabethtown, Crowe fez-me ouvir Elton John com atenção. Colocou Free Bird na minha vida e desnudou um amplo repertório composto inclusive por sua mulher, Nancy Wilson (homônima de outra, hoje entre minhas compositoras de trilhas favoritas (ouçam 60B, de Nancy, por favor). Muito mais do que isso: Cameron Crowe –apesar da trilha de Vanilla Sky e sua verve eletrônica— tornou-me uma fã de música com pitada country. De repente, fiquei totalmente fascinada pelo rock caipirão (que vai muito além e começa muito antes de Kings of Leon).

Revival ou vintage: é tudo ou nada
Aparentemente, tudo produzido nos anos 70 ainda está por aí incitando mentes e dedos na composição do rock do novo milênio (tudo bem, a expressão virou lugar-comum, mas é isso aí). Não são apenas as trilhas de Crowe que fazem apologia e propaganda do rock setentista. É minha impressão ou quase tudo no universo do rock soa como uma mistureba de Stooges, Velvet Underground ou Clash repaginados? Os Strokes foram influenciados por Lou Reed (e eu por Lou Reed para gostar de Strokes). The Dresden Dolls (ouçam Me & The Minibar e comprovem) tem mais que só um ‘quê’ de Patti Smith. Coincidência (ou não!!), eu também sou made 70´s. Sendo mais específica, modelo 1977.

Abri os meus olhos pela primeira vez em 14 de agosto de 1977. Era domingo, Dia dos Pais, e minha irmã então com cinco anos de idade foi liberada para entrar no quarto. Ela me viu e batizou de ‘Stela’, nome que ouvira várias vezes de minha mãe. 'Stela' havia sido vizinha da família Guimarães no bairro do Ipiranga em São Paulo, muito antes dos anos 70. Meus pais acataram o desejo da irmãzinha mais velha. Foi assim que começou o meu primeiro dia.

Mas, exceto para mim (e provavelmente minha mãe!), meu nascimento foi a quase mais insignificante deste ano. Em 1977, o universo do rock também mudava. Dois dias depois, em 16 de agosto, Elvis Presley ‘o Deus do Rock’ morria.



Sex pistols, drogas, Shakira e acidentes aéreos
Voltemos, no entanto, ao início do lendário ano. Foi nele que os Sex Pistols subiram ao palco –no mesmo ano em que Sid Vicious entrava pra banda. Quase simultaneamente (e me perdoem os mais precisos com as datas), os Ramones lançavam Rocket to Russia, the Jam's In the City, Iggy Pop's Lust for Life. Em 1977 o Clash debutava com o álbum ‘The Clash’, assim como Elvis Costello com ‘My Aim is True’ e o Sex Pistol com ‘Never Mind the Bollocks’, ‘Here's the Sex Pistols’, e ‘Television's Marquee Moon’.
Mas nem tudo era novidade no mundo do rock há exatos 30 anos: Keith Richards já havia sido preso no início do ano com cocaína e Alice Cooper já era internado por causa do vício do álcool (‘this is not the first time’, cantaria Oingo Boingo anos à frente).

Dois meses após eu ‘vir ao mundo’ o avião que carregava os integrantes do Lynyrd Skynyrd (os mesmos caras do Free Bird) cai no Mississipi, matando o vocalista e compositor Ronnie Van Zant, o guitarrista Steve Gaines além de Cassie Gaines, backing vocal do grupo. ‘Etranho, muito etranho’, eu gostar da banda e conhecê-la quase 30 anos após o incidente, suporia Walter Mercado.

Enquanto o rock caminhava sem Elvis –mas estava mais vivo que nunca (o rock, não Elvis!)— ‘Os embalos de sábado à noite’ estreavam nos cinemas e disseminavam a dancinha dedinhos para o alto pra lá, quadris pra cá de John Travolta. Irrompia a ‘era disco’, caminhando lado a lado (na cronologia) com o punk. Enquanto no Brasil, Chico Buarque que ainda não era sexy simbol lançada Os Saltimbancos. Diretamente do exílio, na Itália. E a ditadura militar deixava passar o meu primeiro disco pseudoinfantil.

E houve mais, muito mais, em 1977. O ano caracterizou-se por bandas como INXS, The B-52's, Def Leppard, Whitesnake e até os Dire Straits! Shakira, Cris Martin e Jon Buckland, ambos do Coldplay e Fiona Aple também deram olá ao planeta em 77 –todos hoje trintões e infinitamente melhores sucedidos que eu. E têm mais: Mark Stoermer, do The Killers, Aaron Kamin, The Calling, Craig Nicholls, The Vines e até o John Mayer desembarcaram por aqui na mesma época.

Foi ainda neste ano que a música que deu aos Eagles o posto de banda bilionária por Hotel Califórnia, que estava à frente das paradas até da Alemanha, quando o mundo nunca ouvira falar de globalização. Passados 30 anos, meu player genérico de Ipod ‘Made in Brazil’ traz como uma das músicas exemplo do playlist Hotel Califórnia. Weirdoooooooo.



No mundo micro daquela que conta aqui, o ano terminou com minha mãe mais tranqüila –sem aquela choradeira de bebê de dois meses—e eu certamente feliz com minha papinha. E o mundo terminou mais triste, com Chaplin dizendo adeus à terrinha no dia 25 de dezembro. De 1977.


Em 2007:
Ouço (nesta semana): The Dresden Dolls, Albert Hammond Jr e experimento The Fratellis e amo o repetitivo Magic Numbers (Viva Forever Lost, Long Legs e Love me Like You!).
Leio (nesta semana): Manuel Castells, Sociedade em Rede
Penso: logo existo. E surto.

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Frase da semana: por Valter Pereira, fotógrafo e colega de trampo: “Casa de ferreiro, peito de mau” (??????????).

That´s all folks. :-)

(dona de total desleixo, estou com preguiça de revisar o texto, faço depois...rs)