domingo, outubro 28, 2007

Boas surpresas



Saio de uma semana movida pela energia que só as boas surpresas nos trazem.

A madrugada do último domingo me trouxe alegrias vindas de longe (efêmeras como, decerto, deveriam ser): descubro que gosto de Ludov, ao vivo e no player. Rompo a barreira com Mombojó. Acabo de ouvir o grupo e fiquei interessada, como naqueles processos que um romance surge do nada.

Assumo um novo trabalho, com responsabilidades diversas e algumas burocracias, mas com custo-benefício extremamente positivo. Passo os dois primeiros dias da semana perdida, descobrindo o que o trabalho exige.

Na terça, recebo, ‘de presente’, um lindo texto de uma das pessoas mais adoráveis que já cruzaram minha vida (assunto para mais de mil páginas) e me emociono (www.picbrasil.blogspot.com). Termino o dia com a notícia menos previsível: sou aprovada na prova que havia feito na semana passada. Corro para São Paulo, perco horas e mais horas cantarolando enquanto dirijo no trânsito mais complicado (ao menos até a queda de barreira no túnel Rebouças, no Rio), faço uma entrevista estranha com o orientador indicado, passeio na chuva pelas ruas da Cidade Universitária (mais bonita nesta época do ano). Irrito-me na quinta e sacramento minha TPM na sexta, com a única notícia desagradável da semana (mas incapaz de me tirar a felicidade dos últimos dias).

Fim-de-semana família, que começa com um contato no sábado de manhã me faz sorrir (melhora, Henrique, a gente espera!), ganhamos um CD player para o carro (finalmente!).
pego as crianças da Natália para passarem o sábado e domingo com a gente. Volto a escrever por aqui. E o céu está ainda mais azul, aguardando as visitas que ainda vão chegar (Jú e meninas)

Maior que a blogosfera



O universo da blogosfera é um mar de achismos musicais. Parece não haver assunto melhor para se escrever um ‘post’ –texto, no jargão dos blogueiros (que é mais ou menos qualquer pessoa com acesso à internet hoje em dia).

Pode-se pressupor que tais conjecturas musicais servem menos ao universo que uma pá furada. Sim, ‘pá furada’ já é uma alusão a Los Hermanos, milimetricamente pensada para introduzir o assunto mais senso comum depois das novelas da Globo: a música.

E cá estamos nós, cada um de seu respectivo lado –A ou B--: comigo escrevendo e você lendo mais umas bobagens sobre gostos musicais que não interessam muito ao mundo além de você e eu. Cada vez que ouço John Mayer (aquele nascido em 77 como eu) gosto mais da qualidade de seu trabalho. ‘Any Given Thursday’ é um puta disco e não me interessa se é inovador ou se as cadências lembram, hora ou outra, outro ‘J.’: Jeff Buckley.

Música é isso mesmo, bigger than mine and your body (na segunda apologia do texto). Mayer acerta na composição e nos acordes. E transforma música em mais uma experimentação corporal. Como ele poderia argumentar (mais uma vez usando o tema como referência), nosso corpo é uma wonderland. E não é?

E se o blues dá o tom da sonoridade de Mayer, foi ele quem embalou o sensacional Jeff Buckley nos anos 90. Eu ensaio para escrever algo sobre Buckley desde o ano passado. Nunca me acho suficientemente pesquisada ou apta para falar sobre ele.

'Grace' –o primeiro e único álbum lançado ‘em vida por Buckley— nasceu para ser degustado, assim como o póstumo “Sketches for My Sweetheart the Drunk”. Sim, Jeff deve ser tateado, lambido, retorcido. Penso como a trilha caberia bem para um encontro a dois. Porque Jeff soava muito sexy (não só pela sonoridade) ao mesmo tempo em que era provocador, melancólico.

Se Justin Timberlake acha que tem algum sex appeal ou se suas músicas provocam arrepio, deveria ir comer um prato de ‘feijão com arroz’ (ou para regionalizar, uma american pie) na referência buckleyniana: imprevista, densa e leve: tudo ao mesmo tempo.

Mais sobre Buckley: http://pinguimazul.wordpress.com/category/jeff-buckley/
http://www.youtube.com/watch?v=hm8JoMhgjRw

sábado, outubro 27, 2007

Uma 'pseudodecepção' é algo nem tão relevante para ser uma decepção completa e nem tão insignificante para deixar de ser catalogada como tal.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Aquilo que realmente importa




A regra não tem exceção. Vivemos a maior parte de nossas vidas proferindo explicações sobre o que pensamos, quem somos, justificando-nos e pleiteando –de 'x' salada à amor, aumento de salário, folga nos feriados. Ninguém se livra dessas formalidades. A cada primeiro contato é quase inevitável cumprir a etapa da apresentação do currículo ao interlocutor. Perguntas senso comum como 'o que você faz?, quantos anos têm?' e até a famigerada 'qual signo é o seu?' são praticamente onipresentes nos primeiros diálogos. E diante do questionário 'clichê, aqui estamos nós' perdemos a chance de conhecer informações vitais capazes de apontar aquilo que realmente importa: pequenas coisas, sempre as pequenas coisas.

O diálogo perfeito do primeiro encontro pode ter várias dissonâncias e poucas consoantes. Poderia começar com um 'oi', um 'olá', um 'tudo bem' (não sou radical). A abordagem pode, de fato, determinar o futuro de uma relação (entre duas pessoas ou mais), mas o conteúdo subseqüente é tão importante como o início ou o fim.

Diante desse mundo inundado de convencionalidades, forjei (sem ferro ou fogo) perguntas, conjecturas ou afirmações diversas que gostaria de alimentar em um primeiro encontro. Que deve, como disse, ser regado com pequenas coisas, aquelas que realmente importam. Para dispensar a forma protocolar do início ou do fim, começo pelo meio (sempre a melhor parte em qualquer história). A seguir, os exemplos.


Você prefere caldo de cana na feira ou pamonha na beira de estrada?

Uma das primeiras lembranças da minha infância é a do azulejo branco e do piso vermelho do banheiro da casa onde vivia. Havia algo de especial naquela composição, uma sintonia quase poética na disposição dos ladrilhos. Também gosto de lembrar da estante de livros na casa de um casal amigos dos meus pais e de como era especialmente divertido andar de velotrol.

Gostaria de andar de bicicleta comigo?

Eu gosto do cheiro da casa da minha avó. E do jeito que ela arruma o cabelo com aquele pentinho curto, que os homens costumavam levar nos bolsos traseiros.

Você ainda lambe a tampa do Danete?

Quando eu abraço as pessoas eu sinto como se eu pudesse inspirá-las e depois voltar a ser eu mesma. Neste momento, eu me sinto como se pudesse lembrar-me, com elas, das imagens que lhe vêm à cabeça.

Estou sempre sentindo algo grandioso pela vida. E confesso, já li Paulo Coelho.

Importa-se se eu tocar a ponta dos seus dedos da mão?

Posso me sentar aqui e ficar até o alvorecer. Eu também estou disposta a compartilhar a alvorada. E ver a luz elevandp-se no horizonte até chegar a 45 graus, aqui, ao seu lado.