quarta-feira, novembro 18, 2009

Redundância

Apagão, pré-sal, guerra ao tráfico. Gravidez da Gisele Bünchen. Microvestido de Geisy. Reforma Ortográfica. Privatização de espaços públicos. Mestrado. USP. Logo estarei de volta.
Minha última postagem foi em 11 de setembro.

sexta-feira, setembro 11, 2009

Viva Las Vegas!



Momento de vida: O que acontece em **Las Vegas** morre em ***Las Vegas**.

sexta-feira, julho 17, 2009

Jacareí realiza Feira do Bolinho Caipira

Iguaria, que pode ser encontrada em Jacareí durante todo o ano, pode virar patrimônio cultural do município

Uma iguaria feita à base de uma receita simples - água, farinha de milho e lingüiça – promete não só provocar o apetite de muita gente mas também uma saborosa discussão. Em mais de um século de tradição na cidade, o bolinho caipira ganhou popularidade em festas juninas, sua fama se espalhou pelo Estado e, agora pode virar patrimônio cultural de Jacareí.

A iniciativa de reconhecer o bolinho caipira como um patrimônio partiu da Diretoria de Patrimônio da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu. E ganha mais tempero com a realização da Feira do Bolinho Caipira, intitulada 'Patrimônio Cultural de Jacareí', que acontece entre hoje (17) e domingo (19), das 18h às 21h, no MAV (Museu de Antropologia do Vale do Paraíba). Na feira serão vendidos os três tipos de bolinho caipira mais conhecidos na região: peixe, carne de porco e lingüiça, acompanhados de bebidas típicas como quentão, além de atrações musicais.

O diretor de Patrimônio, Alberto Capucci, explica que a feira abre espaço para discutir as ideias e propostas para transformar oficialmente o bolinho caipira em patrimônio cultural de Jacareí. “É bom frisar que este evento não é um concurso, mas uma feira onde a população poder saborear o bolinho e ouvir as diversas versões sobre sua origem. Isso faz parte do nosso interesse de declarar o bolinho caipira como patrimônio”. E para apimentar mais o assunto, o diretor destaca ainda que “não estamos dizendo que é só Jacareí que tem o bolinho caipira. O fato é que Jacareí saiu na frente”,

O departamento iniciou estudos e pesquisas para colher dados e informações sobre a origem e difusão desse prato típico. Mas de acordo com Capucci, é um saber que passa 'de mãe para filha', não há registros fotográficos ou escritos, o que existe é história oral. Ainda segundo ele, é provável que a origem dessa iguaria seja com os índios puris (grupo indígena que habitou a região sudeste), que utilizavam o peixe e farinha como ingredientes. Com a vinda dos portugueses, no século XVI, passou a ser feito com carne de porco. Hoje, há variações no modo de preparo, mas a receita à base de farinha de milho branca e lingüiça permanece como a tradicional.

Especialistas – A quituteira Ignes Leme Nogueira de Abreu, que faz bolinho caipira há 40 anos, lembra que, em Jacareí, o famoso salgado deixou de ser um prato típico de festas juninas e pode ser encontrado durante todo o ano em barracas e traillers instalados na cidade. “É irresistível. A receita que fazemos com carne de porco faz sucesso o ano todo”, garante.

E há quem defenda que o saboroso quitute também pode ter um certo requinte e frequentar buffet de casamento e aniversários. “É uma atração em Jacareí. Muita gente vem à cidade e quer experimentar o bolinho caipira. Muita gente faz encomendas inclusive para festas de aniversário e casamento”, diz Berenice Abreu, que aprendeu com a mãe Zilda Abreu a receita do tradicional bolinho feito com lingüiça.

Já a baiana Mirela Gross faz questão de ressaltar que apesar da variedade do recheio, é o tempero que dá mais água na boca. “Cada um põe o seu tempero. Costumo caprichar no condimento e isso tem dado muito certo”, afirma.

Desde 1958 – Um dos mais antigos na arte de fazer o bolinho caipira é o comerciante José Maria de Souza, mais conhecido como Zequinha do Mercadão, conta que faz bolinho caipira de 1958. A sua banca no Mercado Municipal de Jacareí – que funciona desde 1962 – tem como principal atração o bolinho caipira de linguiça. “Também fazemos sob encomenda o de peixe”.

Feira do Bolinho Caipira

Dias: 17, 18 e 19 de julho das 18h às 21h

Local: Pátio do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba

Atrações barracas com os três tipos de bolinho caipira (peixe, carne moída e lingüiça) e atrações musicais.
(Por Rosana Antunes, jornalista da Prefeitura Municipal de Jacareí)

quarta-feira, julho 08, 2009

Cinco coisas que não sou e gostaria de ser

Fui convocada pelo Henrique (http://www.brasilenos.blogspot.com/) a discorrer sobre "cinco coisas que não sou e gostaria de ser", um tipo de corrente lançada pelos blogueiros mas graças a Deus, sem apresentações de Power Point inclusas.




Sexy e misteriosa-
É ridículo dizer isso, mas foi exatamente a primeira coisa que me veio à mente. Culpa de Hollywood. Eu queria ser uma coisa meio personagem de Hitchcock com um quê de Scarlet Johanson. E nem falo da beleza (ou dos dotes da região do baixo ventre da loira). Eu invejo aquelas personagens sobre as quais não é possível revelar se são vítimas ou algozes. Só não invejo o destino da morte a facadas. Essa parte, eu passo.

Econômica e organizada- Esta foi até um alívio ler como top five de outros blogueiros. Sou um fracasso com a administração do meu dinheiro. E tenho certeza se ganhasse o triplo, seria a mesma coisa. O problema é na gestão da bufunfa. Eu simplesmente odeio gerenciar as contas. Mais até do que pagá-las. Até baixei uma planilha sobre orçamento doméstico na Você S/A pra ver se eu mudo de vida antes de decretar falência.

Low profile- Ah, o mundo blasè! Das pessoas que falam e riem baixo. Que sofrem de mau humor em dias de sol. Ah, pessoas como minha amiga Marpessa, uma europeia que nasceu em terras tupiniquins por engano. Pessoas que pensam 'bah' quando não gostam de algo, em vez de ficarem vermelhas como eu. Pessoas que tomam café da manhã na Pinacoteca de São Paulo com "cara de intelectuais franceses em bibliotecas novaiorquinas". Ah! Como deve ser bom ser low profile.



Má -
É, acho que excesso de bondade involuntária (é, senão não seria bondade) faz mal. Eu não consigo ficar com raiva. Ó, vocês devem estar pensando: mas isso é bom, Stela (ou isso é hipocrisia e propaganda enganosa e blá blá blá. Pensem o que quiserem porque eu não ficarei com raiva!). Humpf.
A minha bondade fez-me emprestar dinheiro e nunca mais ver a cor da grana e, recentemente, quase fui atropelada ao tentar dissuadir um bêbado desconhecido ao sair da beira da estrada (tudo bem que eu me empenhei em ajudá-lo porque o cara trajava a camisa do São Paulo Futebol Clube e eu entendo a dor são paulina na atualidade).

Profunda conhecedora da reforma ortográfica lusobrasileira - Com ou sem hífen? Sentiram o drama? Responde pra gente Bicarato, please!


Como parte da corrente sem apresentação em .PPT, passo a bola para o Elton Rivas (http://tendenciasa.blogspot.com/), Marpessa (essa é low profile, então dificilmente vai responder), André (http://picbrasil.blogspot.com/), ao Bôe (http://fernandolalli.blogspot.com/), ao Rafa (http://mtv.uol.com.br/blogdorafa/blog) e a Gigi (http://mtv.uol.com.br/blogdorafa/blog).

sábado, julho 04, 2009

Meu celular morreu com Michael Jackson



O último dia 25 de junho marcou a história recente do entretenimento e da cultura pop mundial. A morte de Michael Jackson provocou um colapso momentâneo no Google, mais de 100 mil atualizações por minuto com o nome do astro no Twitter e um incremento quase instantâneo de 8.000% a mais nas vendas dos produtos com a marca MJ.

Michael Jackson é parte da vida de muita gente que, como eu, acompanhou grande parte da carreira artística do Rei do Pop. Lembro-me de ter visto a estreia de Thriller no Fantástico e decorei mesmo com pouca idade muitas músicas do ídolo. Minha infância não teria sido a mesma sem ele, assim como Madonna impactou minha vida desde que a vi dançando vestida de noiva na tevê.

Soube da notícia por telefone, quando tomava banho. Atendi o celular ainda no chuveiro. Era a Taís. Com um tom de voz que misturava drama, descrença e uma certa euforia, ela me contou: "Stela, Michael Jackson morreu. Está em todos sites de notícia, mas a CNN ainda não confirmou".

Fechei o chuveiro perturbada. Como poderia Michael Jackson ter morrido? Ele é do tipo imortal, daquelas pessoas que parecem nunca ter sequer nascido, mas brotado em algum campo pronta direto para o mundo do entretenimento.

Poucos minutos depois, meu celular desligou. A pane atingiu até mesmo o chip com o número que me acompanhava desde 2004 (pelo menos). Já testei em outros aparelhos e nada. Provavelmente, o vapor do chuveiro tenha danificado os 'circuitos'. Poeticamente, prefiro pensar na hipótese do aparelho ter tido um tipo de AVC robótico. "I´m going with Michael".



We care about Michael
Michael é o exemplo dos tempos da modernidade líquida de Zigmunt Baumann: a celebridade líquida, intangível, imaterial, volátil. Suas mudanças atestam como ele personifica os tempos da 'pós-modernidade' e sua morte noticiada instantaneamente é um exemplo da sociedade da informação. O volume de material produzido pela imprensa em homenagem ao astro pop confirma a avalanche de informações.

Ninguém do mainstream fora mais excêntrico. Michael Jackson mudou de cor, de forma, de conteúdo. Não queria crescer pois vivera 17 anos no rancho da Terra do Nunca. Envolveu-se (ou fora envolvido?) em escândalos sexuais. Sua conduta familiar fora tão bizarra quanto as cirurgias para mudança do rosto. Fora casado com a filha de Elvis Presley e dono dos direitos das músicas dos Beatles (o que rendeu um atrito com Paul Mccartney). Por um tempo, dormira em uma câmara e seus filhos eram obrigados a usar uma máscara tão esquizofrênica quanto sua própria imagem. Mas Michael Jackson redefiniu a linguagem do videoclipe e a dança. A MTV não seria o que é sem ele. Nem Justin Timberlake e todo o resto da música pop. E, desde então, nem meu número de celular.

segunda-feira, junho 01, 2009

He´s coming.


www.malvados.com.br


Minha irmã quebrou o braço em três pontos depois de cair na rua. Estava de tênis e, em geral, só usa salto alto. Fará cirurgia amanhã.

O avião francês desapareceu na turbulência brasileira no 'Ano da França no Brasil'.

A mesma palavra --turbulência-- figura metaforicamente na notícia da concordata declarada pela General Motors nos EUA.

Sofro de uma espécie de temporada de castidade voluntária.

E hoje o meu filho disse: "Quero tocar guitarra, mãe". E mais cedo, pela manhã, outra: "Jesus voltará em breve. Minha avó disse isso".

Começo a ficar religiosa.

sábado, abril 25, 2009

Aguinaldo Silva seria o escritor da minha vida?

vidinha sem graça ou é enredo de novela das sete?
(sem-graça e novela da sete é pleonasmo vicioso)





este post não vai obedecer ordem alguma já que o pensamento é assim --fluido e interligado por relações cognitivas geradas por deus-sabe-lá-porquê. eu estava tomando banho e pensando um monte de asneiras, fato corriqueiro quando eu me ensaboo, e decidi escrever tudo meio desordenado, assim como as palavras e imagens que me formam à cabeça.

é uma pena porque porta-voz da economia de água e do banho de cinco minutos, qualquer um descobrirá que trata-se de pura demagogia. cinco minutos em baixo da ducha [lorenzetti, nada mais refinado] seriam insuficientes pra produzir tanta merda. muito embora qualquer idiota da área de comunicação [da qual faço parte, então nada de mea culpa] sabe que trinta segundos dá pra falar (e pensar) muita coisa: é um spot de rádio e o tempo básico de um "reclame" na televisão.

comecei pensando no meu amigo felipe, que mora em san francisco, california. aparentemente "pretty cool" ter amigos que moram em san francisco --e eu já tenho dois: além do felipe, a raíssa (e eles nem se conhecem, mas isso é indiferente). um taxista e uma baby sister (falar babá em português empobrece a aura cult da ocupação). pois bem, há algum tempo o felipe me disse em uma conversa internética: --ah, stela. tenho inveja da sua vida social. vejo as fotos no orkut [aliás, ótima referência pra vida social alheia, por isso dissimula-se tanto por lá] e penso quantos amigos você têm e como é legal sua vida.



ok. convenhamos: meu álbum de fotos do orkut estava causando inveja [branca, porque nos dias de hoje até inveja é catalogada em níveis que variam da boa àquela que só com espada de são jorge na porta de casa] no meu amigo que, oras, vive em san francisco e conhece, no mínimo, umas quatro pessoas diferentes por dia [pela ocupação de taxista, só pra lembrar].

eu continuo morando em jacareí-sp. cidade com 206 mil habitantes, de onde quase nunca saí. o que poderia haver de tão interessante?

não vou fazer o discurso: "ah, minha vida é bem monótona" porque nem eu mesmo acho isso. não sinto que sou a amante do indiana jones e tampouco o próprio, mas ocorrem coisas bem bizarras no meu mundinho. na realidade, acho que a vida de todos é lotada dessas coisas [haja visto as histórias de harvey peaker, o quadrinista]. talvez a gente só não perceba porque "a grama do vizinho sempre parece mais verde".


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eu tenho 31 anos e há cerca de uma semana achei meu primeiro fio de cabelo branco. foi um impacto pra mim, como se o relógio biológico me apontasse: "stela, desista de galochas de oncinha porque isso não cabe mais a sua idade." pontuei esse fio de cabelo branco como um sinal do fim dos tempos. talvez agora eu fosse murchar. ou talvez só fosse hora de voltar a pintar o cabelo (fiz isso por quase doze anos e há dois optei pela cor natural. natural o caraio, penso agora).

recentemente reencontrei um ex-namorado que ressurgiu não das trevas --mas dos céus, quase que literalmente-- depois de 16 anos. ok, reencontrar um ex é absolutamente normal, certo? só não é comum ser o tal 'ente' um ex-metaleiro [ou headbanger], ex-monge [da ordem das carmelitas] e aspirante à padre. bem, poderia ser normal, você pode pensar. mas não pra alguém que frequentava missa no máximo até os oito anos de idade e que sequer é católica. lembra-se da tal vontade das galochas de oncinha? pois é verdade.



agora, imagine você se esse pseudoromance sem relação carnal podia dar certo? ele de hábito e eu de shorts balonê e galochas. tsc tsc. fadado ao fracasso desde o princípio, dona stela. mamãe gostou do fato de eu ficar desfilando com o futuro padre pra baixo e pra cima. fluente em quatro línguas (incluindo hebraico e italiano, claro) e um exímio violonista, fã de raphael rabello, dono de um gosto apuradíssimo pra vinhos e ótimo no xadrez [o jogo, não a alcunha pro xilindró]. bom demais pra ser verdade? pois é. tive que devolvê-lo pra jesus antes que eu celebrasse um pacto com o outro lado só pra não largar esse osso. ops, moço. tanto faz!

e de repente a itália entrou na minha vida. além dos músicos, agora eu virei um chamariz pra coisas relacionadas à terra nostra. eu, que nem ascendência italiana tenho. meu orientador do mestrado mandou-me cursar uma disciplina com o massimo de felice. é, o máximo da felicidade, é a tradução do nome do italianão com o qual passo minhas tardes de quinta. mas não é nada do que você está pensando: prof. massimo é um intelictual de primeira e, além de inteligente, é bem bonitão: tipo um gerard depardieu mais jovem e mais moreno [e italiano, não francês como o ator citado]. bom, os dotes físicos do massimo é o que menos importa na hora de escolher onde devemos nos sentar nas aulas, pra ser sincera. o que importa é entender seu portuitaliano. e pra isso, a gente tem ficar perto do homem e prestar bastante atenção.



o massimo é só um capítulo do "ano da stela na itália" [isso porque me abstenho de comentar do ex que mora na itália e que eu revi em 2007]. 2008 já teve sobrenome "padovani" e "lafranchini" pra dias de alguma 'felice' ou diversão. e na última quarta estava eu no sesc paulista, comendo um pão de tapioca [assunto tçao sério esse pãozinho que merece um 'post' só pra ele], quando um ragazzo com pinta de americano começa a falar comigo. em italiano, claro! respondi de bate-pronto: italiano só na aula do massimo. e ele sem entender arriscou um espanhol. devolvi com um "só em inglês, babe". engatamos uma conversa e o resultado é um novo amigo gringo no meu facebook. italiano, bona gente, claro!

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e se isso não é vida com certa mobilidade, mesmo não sendo celular (dã, trocadilho péssimo), talvez minha saúde dê uma outra pauta. é o lado do drama, como diria minha amiga joselani [que jura de pé junto que eu saí das histórias de aguinaldo silva. se ainda fosse do manoel carlos, oras...]. há menos de uma semana tive que voltar aos psicotrópicos. sempre julguei coisa de gente doida tomar gadernal, tregretol e outros baratos desses. é, talvez seja mesmo.

contrariando todo a lógica, tive que voltar ao antidepressivo amitril e ao comprimido pra epiléptico carbamazepina (ou tregretol). e antes que vc pergunte se eu sofro de algum dos dois males, respondo já: não. não sou depressiva e tampouco tenho ataques à la ian curtis. seria muito óbvio, além da hiperatividade e déficit de atenção. nem sei se devo falar, porque parece que a doença gruda na gente quando a afirmamos, mas é um problema aí do nervo do rosto que aparece vez ou outra pra me encher os pacová. resultado: além da merda da dor e do sono quase consttante, fico proibida da ingestão de álcool. e agora por "pelo menos, seis meses".



seis meses. ou seja, se tudo correr bem, poderei beber em abril! que ótimo mês pra se beber cerveja. aquele friozinho já chegando e eu morrendo de saudades da heinekein durante todo o verão. logo agora, que vou passar o reveillòn na casa de bacana do meu tio em ilhabela. totalmente sóbria. ou sedada, depende da quantidade de amitril e tegretol do dia. pra tudo isso, só uma palavra. ou meia, que já basta: carai.



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no beer, no sex, no money. esse trimônio pode soar pior que a nevralgia do trigêmio. ah, isso sem contar que eu fiquei ããããnos desejando um abridor de vinhos descente. ok, ganhei um do ex-metal-monge e futuro padre, daqueles bem fodões, cromados e tals, há pouco menos de um mês. e pelo menos até abril, ele servirá somente pra abrir suco de uva. é, talvez haja um pouco de graça nessa minha vida. ou um dedinho do aguinaldo silva.

stela guimarães
7 de outubro de 2008

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Achei no meu computador esse texto, que escrevi no início do outubro do ano passado.
Só adianto que não fiquei esse tempo todo sem beber. E lembro-me que, naquela madrugada, não estava afim de usar letra maiúscula. Deixe assim, menos por preguiça, mas por uma questão estilística (desculpinha esfarrapada, dona Stela).

tsc tsc.

segunda-feira, abril 20, 2009




"Roubei" a imagem de http://www.overmundo.com.br/banco/recado-para-o-sr-ladrao.

Um novo amor



Cada hora padeço de um novo amor, sem esquecer o antecessor. Assim, vou colecionando amores que, em geral, só me causam alegria. Meu novo romance teve seu prelúdio graças a um outro, mas confirmou-se na tarde de hoje: por Deus, eu AMO BELCHIOR.




Foi por causa de gravação de ‘Palo Seco’, pelos Los Hermanos (um outro amor antigo) que conheci a obra de Belchior. A música consta no disco ‘Alucinação’. Lançado em 1976, ‘Alucinação’ é incrível. De fazer chorar.

Quando pequena, meus pais ouviam o bigodudo à exaustão (engraçado como tenho poucas memórias da minha convivência com meu pai, mas elas estão geralmente associadas à música). Para meus ouvidos infantis, aquele voz anasalada soava com tanto estranhamento que cresci sem dar atenção ao compositor.

O máximo que eu sabia de sua obra são as clássicas “Apenas um rapaz latino americano”, “Medo de avião” e “Como nossos pais”, esta última na voz de Elis Regina.

Mas o disco é realmente incrível. E as letras de tão íntimas que se tornam muito reconfortantes porque nos mostra como, apesar da singularidade de cada um, os sentimentos humanos são iguais.

Sabe aquela obviedade e implicidade que embala e conforta? Belchior é isso.
“Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal [adoro essa parte]. Daí um analista amigo meu disse que eu não vou ser feliz direito porque o amor é uma coisa mais profunda do que um encontro casual”, diz um trecho de ‘Divina Comédia Humana’, do disco ‘Um concerto a palo seco’.



Em algumas composições, Belchior lembra-me muito Raul. Pela resistência aos padrões formais de comportamento, pelo toque meio brejeiro das letras e talvez apenas pela sonoridade da época.

‘Alucinação’, a música tema do disco, é linda. Deveria constar no repertório de todas festinhas equipadas com violões e jovenzinhos dispostos a boas composições.
‘Um concerto a palo seco’ têm violões tão bem trabalhados que suspeito da participação de Raphael Rabello (ou pelo menos, de sua influência). O violão flamenco no início de ‘Galos, noites e quintais’ é de levar lágrimas aos olhos: “eu era alegre como um rio. Um bicho, um bando de pardais. Como um galo quando havia galo, noites e quintais. (...) Não sou feliz mas não sou mudo. Hoje canto muito mais”, canta.

Na próxima festa, sarau ou luau em que eu estiver, solicitarei como fã fervorosa desse novo amor: “toca Belchior!”.
Porque “eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês”.

Triste fim do rock na quaresma




Uma das melhores coisas que ouvi nos últimos anos deu, recentemente, seu último suspiro.
Morreu e não sei de qual patologia a banda de rock independente Mentecapto, de Mogi das Cruzes (SP).
O fim do ‘Menteca’, apelido íntimo entre os amigos da banda, parece o prelúdio de um triste fim para o rock mogiano. Depois deles, a Motocontínuo, também fez ontem seu último show no Divina Comédia, reduto moderninho-underground bem bacana de Mogi, cidade berço de bandas de rock independentes incríveis, como Maquiladora (Somata também acabou?).

Vi um show do Mentecapto pela primeira vez em 2008, quando meus papos semanais com o Guilherme, do Motocontínuo, deixava-me atualizada e animada com os rumos do rock mogiano. Ufanista com o movimento independente de sua terra natal, o Gui não exagerava ao listar as qualidades do Mentecapto. “Foda!”, ele sempre me dizia ao se referir à banda.

O show da banda era realmente incrível. A banda era, ao mesmo tempo, de uma intensidade absurda e uma precisão ímpar evidenciada pelo domínio dos músicos de seus instrumentos. O resultado era uma coisa barulhenta, mas muito bem feita. Apesar da precariedade do som-palco-iluminação da infraestrutura do local onde vi os “menteca” pela primeira vez, fiquei insandescida com a apresentação. E eu não estava só: pelo menos uma dezena de fãs acompanhando o show em uma catarse entre platéia e músicos.

Ontem, ao saber do fim já anunciado para o Motocontínuo, bateu-me um bodão. Primeiro porque eu não poderia estar no show e ouvir músicas como a ótima “A dança do acaso e do lamento” e outras tão boas quanto. Segundo, porque de certa forma, a ‘Moto’ faz parte da trilha sonora da minha vida e o Guilherme, além de ser um músico extremamente criativo, é um amigo querido que ganhei de presente em 2008.

Resta esperar que uma possível união de músicos dos ‘moto’ e ‘menteca’ nos renda bons frutos para o roquenrol. Seja por aqui ou em qualquer lugar distante.




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Para quem quiser conhecer mais sobre as bandas, recomendo:
http://www.myspace.com/mentecapto
http://www.myspace.com/motocontinuo
http://www.myspace.com/maquiladorayeahv
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=67524

De quebra, ouçam a banda Seamus, de Taubaté, cidade aqui do meu ‘ladim’.
http://www.myspace.com/sseamus

terça-feira, abril 14, 2009

Comendo a quilo?

Cacófaton é o nome rebuscado pra cacofonia. Palavras feias pra designar a conjunção de outras que, unidas em uma frase ou expressão, resultam em duplo sentido.

Volta e meia, eles aparecem por aí. São mais comuns no linguajar do dia-a-dia, mas não é raro encontrá-los em plaquinhas nas beiras de estrada. O duro é quando a cacofonia aparece instituída na publicidade.

Recebi hoje um panfleto de um restaurante que resolveu promover sua propaganda com a seguinte mensagem em destaque:

"A deliciosa maneira de comer a quilo".


O mais interessante é que o mesmo panfleto oferece um espaço privê para reuniões. Eita mente poluída, sô, diria minha avó!

Certamente, pela boa reputação de seus proprietários, o cacófaton da referida propaganda passou batido e ninguém pensou no "a quilo" como "aquilo". Como cantaria Herbert Vianna, "na bagunça do dia-a-dia", "sequestraram a fonética".

Depois dessa, só ouvindo Rodolfo e ET. Se eu lavo, eu cozinho. E ninguém tem nada com isso!

sábado, abril 04, 2009

Desses dias mais lindos de nossas vidas

http://www.youtube.com/watch?v=pw8LJkabdlA

Eu não consigo me esquecer dessa noite. Natural, quando se vive um dos dias mais lindos de sua vida.

quarta-feira, abril 01, 2009

No meio do caminho, tinha uma pedra.



‘A pedra arde’ é meu livro infantil favorito. Escrito por Eduardo Galeano (o mesmo escritor uruguaio de ‘As veias abertas da América Latina’) e ilustrado por Luis de Horna, o livro conta a história de um menino que descobre uma pedra mágica e leva até ela um velhinho responsável por ajudá-lo durante uma situação difícil.

Achei o livro por acaso, no sebo Alfarrábios, em São José dos Campos (no mesmo dia em que paguei um micão com o dr. Data Venia, mas isso é outra história). Foi antes do meu filho aprender a ler, em agosto de 2005, quando o pequeno Henrique tinha quatro anos de idade e ainda não era fã de gibis, de Star Wars ou da música Garota de Ipanema.

Talvez essa coisa de gostar do livro e desse título –A pedra arde— tenham influenciado meu subconsciente a transformar uma pedra em uma espécie de amuleto mágico. Foi há duas semanas, quando comecei a carregar uma pedrinha na bolsa.

Era madrugada e eu já havia caminhado uns cinco quilômetros até então por uma estrada vicinal e sem iluminação da qual não sei o nome, numa cidade que mal conheço, quando tenho um semi-rompante de raiva. Na verdade, raiva não é palavra apropriada. Era mais uma sensação daquelas do tipo “que-estou-fazendo-aqui-quando-poderia-estar-em-casa-dormindo?” quando um carro passa por mim e o facho de luz dos faróis ilumina o breu e mostra-me o chão irregular. Sobre ele, várias pedrinhas.

Naquele momento, penso em pegar alguma e atirar uns 20 metros à frente. O pensamento voou para longe mais rápido que mensagem subliminar em frame de “O Clube da Luta”. Nem que eu tivesse um alvo, conseguiria acertar naquela escuridão e, além do mais, não sou do tipo que joga pedras ao Deus-dará e tampouco em qualquer pessoa.

Mas a pedrinha ficou na minha mão e acomodada ali serviu-me como um acalento. A pedra materializou um sentimento que não necessariamente é negativo: talvez fosse como a caneta nas mãos de um orador tímido. A pedrinha, simpática (e já humanizada, a essa hora), virou um símbolo de “sim, estamos todos sós”. E, por mais estranho que possa soar, a tal pedrinha virou uma companheira constante, um tipo de amuleto para me dar força em momentos difícieis. Mesmo sem ser oval (e famosa) como a bola de Tom Hanks em ‘Náufrago’, ela tornou-se a minha ‘Wiiiiiilsoooooon’.

Agora, na minha fantasquice, agradeço às forças do Cosmos que me mandaram a pedrinha. E ela estava lá, bem no meio do meu caminho.

Beijomeliga, Tas

Não faço a menor ideia da origem da expressão ‘beijo me liga’. Já a vi por aí em alguns blogs de gente famosa e de peso –gente como Marcelo Tas, por exemplo.
Uma vez mandei um e-mail para o Marcelo Tas declarando-me fã de seu trabalho, desde o professor Tibúrcio (eu nem me lembrava do Ernesto Varela. Pra mim, o que importava nos anos 80 era o Rá-Tim-Bum) e depois com o Vitrine. Fiquei borocochô porque o Tas parecia tão íntimo –coisa natural de quem figura na tevê— que fiquei triste com a ausência mesmo de uma resposta automática. Eu era adolescente, pô, mais sensível que agora. E meu e-mail não foi piegas –pontuei coisas interessantes (pelo menos foi meu pensamento à época) e eu não estava interessada no sorriso do simpático careca. Era uma admiração intelectual, algo muito diferente de gente maluca que segue o apresentador de tevê e xinga a namorada do cara pelo Orkut (ops, e isso é fato verídico, minha gente).

E os anos se passaram e eu nunca nem tinha visto o CQC (confissão número 898 do blog: só vejo tevê pelo Youtube e nunca assisti o referido programa pela mídia convencional) quando dou de cara com o Marcelo Tas em um evento na comedoria do Sesc da avenida Paulista, em 2008.
Foi assim: eu estava no lançamento do livro Mutações, que é a coletânea de um seminário promovido pela USP, UNB e UFRJ, do qual participava, e um tanto desloucada em meio a um povo extra-large-cool, encontrei uma garota da minha sala nas aulas do Mauro Wilton, lá da ECA/USP. Toda pomposa, não hesitei em seguir com cara de intelectual na direção da guria (de quem não sei o nome, mas sentávamos perto uma da outra e nos dávamos ‘boa noite’, o suficiente para garantir na mulher um porto seguro naquela noite).

Desvio de uma cinco pessoas e, quando chego até ela, portando um sorrisão de alívio, descubro a identidade do interlocutor da conversa da garota, o cara careca e bem vestido de costas era o Marcelo Tas!
Envergonhada, dou um olá coletivo aos dois, daquele mais gestual (com aceno de mão e voz fraca) e sigo em frente. Em menos de um segundo, o porto seguro da garota ficou mais vulnerável pra mim que o Titanic pra Rose e Jack após o choque com o iceberg; Temi que o meu antigo segredo de fã renegada pudesse ser revelado (‘oi, eu sou a garota que lhe escreveu um e-mail quando tinha menos de 20 anos dizendo o quanto gostava do Prof. Tibúrcio). Sumi de lá com meu pãozinho de tapioca em mãos. Beijomeliga, Marcelo!

quarta-feira, março 25, 2009

Gene Simmons é chato




Se acha o bam-bam-bam do roquenrol e o maior comedor de todos os tempos.
Faz reality show só porque é pago para tanto.
E desmistificou a lenda sobre a inspiração do Secos e Molhados.
Comecei a gostar de rock pelo Kiss, é fato.
Mas sou mais o U2 --estou preparada por uma cruxificação por dizer isso(se bem que o Bono é chato também!).


Abaixo, reproduzo entrevista com o lider do Kiss ao Jobatê Medeiros, no Estadão de hoje (25 de março de 2009).


Com a língua de fora, mas infatigáveis
Gene Simmons, do Kiss, fala ao Estado sobre o retorno ao Brasil, 10 anos depois
Jotabê MedeirosTamanho do texto? A A A A
Gene Simmons, baixista e vocalista do Kiss, é um herói do rock com a língua solta. Nos dois sentidos. Fala bastante e mostra ainda mais a língua. Aos 59 anos, o mais famoso linguarudo da música falou ao Estado na tarde de segunda-feira sobre a nova turnê da banda no Brasil.

Dez anos depois de sua última passagem pelo País (quando tocou para 40 mil pessoas em Interlagos), o grupo retorna com a turnê Kiss Alive/35 ao País. Toca pra 30 mil pessoas no dia 7 de abril, às 21h30, na Arena Anhembi, em São Paulo (no dia 8 é a vez da Praça da Apoteose, no Rio). Os ingressos custam R$ 170 (pista) e R$ 350 (Pista VIP), à venda no site Ticketmaster.com.

O Kiss vem sem Ace Frehley e Peter Criss, metade da formação original. Como você pode garantir que esse ainda é o Kiss?

Quando éramos jovens, nós achávamos que uma banda nunca poderia se separar senão ela perderia sua alma. Depois, a gente vê que isso não é verdade. Ringo Starr não era da formação original dos Beatles. Vários membros dos Stones saíram da banda, e os Stones não acabaram com a saída de Brian Jones. O Van Halen não acabou sem David Lee Roth. Quase todas as grandes bandas têm formações diferentes de quando começaram. Uma banda é como um time de futebol, não é só um jogador. Quando o time perde, todos perdem. Nós agora temos a responsabilidade de dar à banda a pegada de sempre, de manter o espírito rock?n?roll.

Desde os anos 1970, vocês se mantêm no topo, com legiões de fãs no mundo todo. Qual é o segredo dessa longevidade?

A única coisa que nunca muda, para mim, é que nós buscamos atender às expectativas dos fãs. Não se trata apenas de cantar umas músicas, mas de cantá-las como se fosse a primeira e a última vez. Nós sabemos do sacrifício de alguém comprar um tíquete, esperar com ansiedade o seu show preferido, espremer-se entre a multidão. Porque um dia nós também fomos fãs. Então, o que damos a eles é o nosso melhor, é o que chamamos de extravagância ao vivo.

Há uma espécie de lenda urbana aqui no Brasil que conta o seguinte: nos anos 1970, vocês estiveram no México e viram o show de um grupo brasileiro chamado Secos & Molhados. Dali, copiaram a ideia de se apresentar com maquiagem pesada, mascarados.

Conheço essa lenda. Já ouvimos falar dessa história. Não é verdade. Muitas pessoas acreditam nisso, mas também há muitas pessoas que acreditam em discos voadores, não?

Aliás, há muitas novas bandas que cantam mascaradas hoje em dia, como o Slipknot. Você gosta disso?

É legal, não tenho o menor problema com isso. Eu acho que os novos músicos devem fazer o que acham que têm de fazer. Não importa o que eu acho disso. Mas o princípio deve ser aquele.

A atual formação do Kiss está trabalhando em novo CD. Quando sai?

Sim, vamos lançar um álbum com 12 ou 15 canções inéditas. Já gravamos vocais e guitarras para quatro delas. Devemos concluir o álbum em julho e lançá-lo em setembro. Eu posso definir o som da seguinte forma: é um disco "rock?n?rollover", com uma sonoridade mid-seventies, veloz, pesado. Não haverá nenhum rap, nenhuma música country. É difícil definir música, mas se você mantiver sua mente ligada nessa definição, vai saber muito bem do que se trata. É o som clássico do Kiss.

Você sabe: desde os anos 1990, tudo vem mudando na indústria musical. Hoje, as trocas de arquivos musicais pela internet fazem com que o comércio de música esteja completamente diferente de quando vocês vendiam milhões. Como vê isso?

Algo tem de mudar. Ter algo de graça, para mim, é roubo. Nós não fazemos música por caridade. Escrever uma canção, gravá-la, produzi-la, lançá-la, tudo isso custa. Penso que algo já está mudando, hoje se pode vender música direto em cadeias como Best Buy e Wal-Mart. Minha opinião é que, se a música é de graça, você vai acabar matando todos os novos bebês da música e todos os clássicos. Nunca mais você ouvirá um novo Appetite for Destruction.

Você participa de dois reality shows na televisão, Escola do Rock e uma série já famosa aqui no Brasil, Uma Família Joia (Family Jewels, exibida no canal A&E). Qual é a conexão que você vê entre música e esse tipo de programa?

É tudo a mesma coisa. Quando você grava, você assina com uma companhia de discos, vai ao estúdio, produz, assina contratos de divulgação. Quando escreve um livro, assina com uma editora, vai a eventos de promoção, busca seus direitos autorais. A TV me contratou, e me paga para isso. É uma atividade de criação, como todas as outras.

No show Uma Família Joia você está acompanhado de seus filhos, Nick e Sophie, e de sua mulher, a ex-coelhinha Shannon Tweed. Além da série de TV, o que mais eles compartilham com você artisticamente?

Bom, Nick e Sophie estudam piano e guitarra. Eu disse a eles que, se aprenderem a ler música, poderão fazer música com confiança. Nick também é cartunista. Ele escreve e desenha o gibi Incarnate, que será lançado na Comic Con de San Diego. Sophie é agitada, pratica basquete, tracking. Nós somos sortudos e abençoados.

Ouvi dizer que você também joga golfe, como o Alice Cooper.

Não jogo nada. Não tenho hobbies. Ou melhor: tenho o melhor hobby do mundo, que é ser Gene Simmons do Kiss. É um hobby para o qual não há regras. E eu nunca tenho de perguntar a alguém como devo me comportar ou o que fazer. Mesmo o papa tem de perguntar pra alguém. Eu não tenho mestre nem patrão.


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Aqui pro Gene, ó:



Stela e Fernando, Curitiba-PR, no último dia 14 de março.

Thank you for having us.



Vai ser difícil superar a emoção vivida na noite do último domingo na Chácara do Jóquei Club, em São Paulo. No palco, a banda inglesa Radiohead apresentava-se pela primeira vez no Brasil e expandia-se em uma grandeza maior do que o som, a iluminação e a cenografia perfeita.

Todos elementos compuseram uma simbiose perfeita, finalizada pela platéia, um coro formado por um uníssono potente. Trinta mil vozes embaladas pela maestria daqueles que conduziram um espetáculo, latente na minha lembrança como se não houvesse terminado.

Foram 2h21 vividas no universo paralelo capitaneado por Thom Yorke, indescritível por palavras. O show do Radiohead levou-me a uma dimensão mágica, aquele tipo de lugar onde somente a música mais sublime pode transpor. Não estávamos 'além do arco-íris', como na clássica composição de Harold Arlen, com letra de E.Y. Harburg (a do filme O Mágico de Oz). Estávamos dentro dele: In Rainbows!
E o que eu previa se tratar somente de um bom show regado de melancolia, acabou como momentos intermitentes de felicidade. Naqueles 141 minutos, I lost myself. I lost myself.

Obrigada, Radiohead, por nos acolher.

...






Uma nota: até o show, Radiohead era apenas mais uma banda que eu gostava muito.

segunda-feira, março 09, 2009

O sonho de Mussolini: conhecer a Estação de Tratamento de Água




Nada de conquista da Etiópia, Grécia ou Albânia ou o controle da imprensa. Um dos sonhos de Mussolini é conhecer o processo de tratamento de água na cidade onde vive.

Sorridente e expressivo: é como se apresenta o tal Mussolini (sim, nome da certidão de nascimento), um simpático morador da região central de Jacareí-SP.

Nascido certamente antes da derrocada do ditador italiano em 1945 (eu o conheci hoje, na fila de idosos no setor de Atendimento ao Público da autarquia em que trabalho, daí o indício mais evidente da idade), o homônimo do ditador encara com naturalidade o estranhamento diante de seu nome, que anotei a pedido dele próprio (tentei não ser indelicada, mas acabei soltando a pergunta 'Mussolini, como o italiano?'). Sem cerimônia, ele respondeu: "É, meu pai gostava do ditador e era alinhado ao Facismo", disse-me, sorrindo.

Todo prosa, Mussolini vai me contando sobre uma característica de seu pai: dar nomes um tanto diferentes aos filhos. "Tem um que se chama Argentino. O outro é Alonso, um é Pierre e a minha irmã tem um nome mais comum, Henriquieta. Mas de ditador mesmo, só o meu", diz.

Sem esboçar nenhuma característica próxima a do ditador que inspirou o pai a nomeá-lo, Mussolini não tem sonhos muito grandes. Um deles é conhecer a Estação de Tratamento de Água de Jacareí.
"Sempre quis ir lá, desde os tempos do Toninho Nunes (prefeito de Jacareí nos anos 70) e saber como a água é tratada. Tenho muita curiosidade. Posso ir um dia?", pergunta-me.

Tanta simpatia deixou-me tentada a encaixar o Mussolini na visita exclusiva de mulheres que programamos ao local amanhã, em comemoração ao Dia da Mulher. Enquanto conversamos, descubro que não sou a única a me afeiçoar ao senhor, frequentador conhecido do Setor de Atendimento. Todo prosa, um dos atendentes me diz: "Ê, Stelinha, vi que já tá de conversa com o senhor Mussolini!".

Anoto o telefone e prometo colocá-lo na próxima visita à Estação.Pelas bandas de cá, nosso Mussolini também consegue persuadir os seus conterrâneos. Felizmente, por seu bom humor e simplicidade. Bem distante do egocentrismo do Mussolini 'original'.

Imagem: Mussolini e Hitler

sexta-feira, março 06, 2009

Da janela da minha sala (sem Photoshop).

Dia 5 de março, às 18h39. Olho da janela da minha sala e vejo um fenômeno: o céu, de tão alaranjado, pintou com suas cores os imóveis da cidade. Não foi um pôr-do-sol comum: parecia que os tons do céu desciam ao chão. Lindo espetáculo nessa vida, que vale a pena pelas pequenas belezas.

Imagem capturada de dentro do prédio do SAAE, na praça Anchienta (da Matriz), centro, Jacareí-SP.





quinta-feira, março 05, 2009

Liberdade sitiada na livraria. Ou, sobre como escolher um presente existencialista




“O homem é condenado a ser livre”. Pude verificar in loco essa máxima de Jean-Paul Sartre a partir de uma atividade simples: escolher um presente de aniversário. A liberdade pressupõe uma responsabilidade pelos atos e ficou difícil escolher --e ser livre para tal-- sem o medo de uma gafe.

Primeiro pensei no tipo de presente mais apropriado ao aniversariante. Cigarrilhas trés chic, vinhos chilenos ou mesmo um livro sobre a arte da enologia (esse custava R$ 79) e outro com todas canções do Chico (o Buarque, não o Anísio) passaram pelas minhas mãos. Porém, mesmo aparentemente livre para tal escolha, estou sob as amarras do sistema capitalista. Logo, se escolhesse um presente mais erudito e digno, correria o risco de não honrar com o pagamento do meu condomínio no mês.

Procurei então um presentinho, e não um preseeeeente. Uma lembrancinha, como dizem por aí. O importante é agradar o interlocutor, que pelo perfil, tem um quê de existencialista e por esse mesmo motivo, podia dizer-me abertamente um “ah, não gostei”, sem magoar aquela que o presenteou.

Depois de uns 40 minutos olhando na prateleira de uma livraria de pequeno porte (e com uma vasta coleção de artigos religiosos) de minha cidade, chega a vendedora com o tradicional: posso ajudar?
Respondo com o básico, porém educado, “não, obrigada”. Para mim, não sou eu quem escolhe os livros, são eles que vêm pra minhas mãos. E por esse motivo, odeio ter minha liberdade (sartriana ou não) tolida pelos vendedores de livraria.
Digo que é para um aniversariante que completa 35 anos amanhã. E lá vem ela me indicar a prateleira de... auto-ajuda. Por Deus ou Deeprak Chopra! Eu não compraria auto-ajuda nem pra minha mãe, que gosta do gênero.
Okay, sei se tratar de preconceito, mas prefiro dar um livro do Paulo Coelho a presentear alguém com “Os sete hábitos das pessoas muito eficazes”.

Com a mulher na minha cola, sigo lentamente procurando algo. Foi nessa hora que a antologia do Chico Buarque me saltou aos olhos na prateleira. Logo abaixo, no caos das estantes mal arrumadas, “Entre quatro paredes”, de Jean-Paul Sartre, parece me fitar.

Abro o exemplar e a primeira frase que leio, na orelha do livro, é: “O inferno são os outros”. Lançado em 1945, "Entre quatro paredes" é uma peça de um ato único, com três personagens que passariam a eternidade trancafiados no inferno. O lugar está distante da imagem prevista pelo senso comum: trata-se de uma sala permanentemente iluminada e sem janelas. O inferno, para ele, é a necessidade de tolerar um ao outro. Uma das personagens é Estelle (coincidentemente, Stela, em francês, e achei 'temático' meu nome constar na obra, ainda que indiretamente e dando voz à fútil Estelle).

Por um segundo, penso em desistir e comprar "1984" de George Orwell. Mas aí me lembro de Sartre e do 'lance' da gente ser a totalidade do que ainda não tem, "do que poderia ter". Desisto de levar Orwell e volto à peça.

Bingo! Escolho, pago e tiro a vendedora do meu encalço. Não terei que aturar mais o controle da minha varredura nas prateleiras. Liberdade!



Stela
5/3/2009, às 18h49

(Nesse momento faz uma luz tão incrivelmente vermelha no céu da minha terra que todas as casas parecem pintadas de rosa. Bonito mesmo).

terça-feira, fevereiro 10, 2009

No meu livro



segundo ato: a espera
pessoas devem ter palavra.
pessoas devem ter.
pessoas devem.

terceiro e último ato: o adeus
pessoas silênciam.
do nada.
pessoas inscritas.
em página virada.

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terça-feira, janeiro 27, 2009

Domingo





Sweet´a








Ele é um doce. Mas sou eu quem me desmancho em calda.






(Imagem extraída de http://andresantana.wordpress.com/2007/09/05/wallpaper-sweet/ André Santana é artista gráfico e tem ótimos trabalhos)

sexta-feira, janeiro 23, 2009



Ela decidiu que escreveria uma carta, muito embora ficasse receosa quanto ao fato. Pensava: palavras colocadas no papel não se desmancham ao vento e parecem dar importância maior a qualquer fato.

Provavelmente, era mais uma daquelas coisas geradas na infância, mas pequenas demais para serem abordadas com o terapeuta.
Uma vez, tomara uma advertência por escrito de seu professor de matemática da sexta série. Ele costumava falar pouco e nos dias de prova passava de carteira em carteira batendo os dedos indicadores e anulares nas mesas dos alunos: um som baixo, mas absurdamente ensurdecedor. Um dia, numa dessas andanças, o professor alto, magro e careca, de feições quase rudimentares, deixou-lhe um bilhetinho ao lado da prova, sem dizer nenhuma palavra em voz alta: “se copiar do colega, coloco você pra fora”. E ela não estava copiando nada, apenas distraiu-se com uns pássaros coloridos do outro lado da janela. Naquele dia, voltou triste para casa. “Era honesta demais para copiar!”, repetia a si mesma. Sentiu-se injustiçada. Foi ali que aprendeu que palavras escritas doem mais.

Passados 20 anos, ela tinha em mãos o papel e a caneta azul e um tanto falha. Passou mais de uma hora pensando no professor e intercalando lembranças do passado distante com as mais recentes, vividas com aquele que havia tomado parte dos seus pensamentos nos últimos dias.
Ela procurava uma forma de começar tal carta, mas nada lhe saía: nenhuma palavra para preencher a letra cursiva e pouco inteligível que desenvolvera ao longos dos anos.

Olhou para fora e viu uns pássaros coloridos pousados na copa da árvore visível da sua sala de estar. E foi assim que a carta virou um bilhete. Nele, resumiu a sensação tão corrosiva, uma mescla de saudade e mágoa, felicidade e dor. Voltando-se ao papel, escreveu:

“Se não aparecer mais, coloco-te pra fora do meu coração”.

Vida dura



www.malvados.com.br

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Escolhas




Acendeu um cigarro e olhou à direita para fitar a paisagem. Mesmo nesses dias cinzentos, o verde vale que começava do outro lado da rua mostrava-se extremamente vibrante. Era verão e as chuvas fortes que castigavam outras regiões da cidade não abalavam as árvores do outro lado da rua. E mesmo as de copa menos farta pareciam passar incólumes aos raios das tempestades que atingiam diariamente essas bandas de cá.

De pernas cruzadas, ela balançava o pé esquerdo apressadamente. Tique habitual a qualquer ansioso sem ansiolíticos. Olhou novamente para o horizonte delineado pelas montanhas, mas a imagem ficara turva em função das gotas da chuva que se tornava mais espessa e atingia o vidro do Café onde ela o esperava.
Abaixou os olhos e quando olhou novamente pela vidraça viu-o entrando pela porta de madeira. Sorriram. Ele se curvara para beijá-la no rosto. Antes mesmo que acomodasse na cadeira pesada de madeira a frente dela, fora indagado de súbito, sem um 'boa tarde' ou outras formalidades usadas para introduzir qualquer conversa.

- Eu sou 'escolhível'?
- 'Escolhível'?, respondeu ele com o sorriso largo que lhe faziam sumir a cor dos olhos azuis, estranhando não só a pergunta, mas por imaginar uma mistura de escolha e sofrível.
- É, você me escolheria?

A dúvida pairava em sua mente há dias desde o momento em que ele revelara sua indisposição para batalhas amorosas. "Nunca escolho quem eu quero, sempre sou escolhido por uma terceira pessoa, que não me interessava em princípio".
A declaração passara em branco no momento da conversa anterior, mas depois soava como um desafio. "As mulheres sempre escolhem. Invariavelmente", havia dito quando o assunto veio à tona na primeira vez.
Mas, posteriormente, uma série de motivos lhe causou o incômodo comparável aquele deixado pelo refluxo gástrico na garganta. Não por ele, mas por ela mesma. A afirmação daquele homem abalara algo aparentemente sólido nela. Passou horas pensando nos seus relacionamentos –os mais revelantes, pelo menos— na tentativa de decifrar em qual grupo de pessoas estava. Caça ou caçadores. Escolhidos (que ela preferia pensar como ‘escolhíveis’, mesmo contrariando a gramática formal) ou selecionadores?

Sim, havia sido eleita algumas vezes. Poucas, comparadas ao "sempre sou escolhido" proferido por aquele homem. Em geral, dela partiam os primeiros olhares e mesmo quando seu interlocutor pensava estar à frente da iniciativa (e partir para o primeiro toque físico) era ela quem o chamava para si, “talvez pela força do pensamento”, como costumava pensar.

Mas o maior incômodo advinha de uma constatação tida 'a posteriori' naquela conversa. Ela descobriu que o achava com “alto potencial para escolha”, pela sua companhia agradável e perspicácia.
Ela começava a gostar de coisas singelas nele, como a forma de seus dentes mais pontiagudos e não necessariamente alinhados –mais evidentes quando sorria.
Às vezes, ele parecia um menino pelo conjunto de sua gestualidade aliado a sua brincadeira com a fonética --trocadilhos ora literatos, ora infantis.
Gostava de sua pele pintada das mãos ao pescoço e do constrate do cachecol preto com seus cabelos vermelhos. Ele tinha um jeito bonito de encostar no carro, embora fosse menos elegante ao fumar do que pressupunha. Todos esses fatores transformavam-no em um ser 'escolhível', pensava. E chegara a essa conclusão apenas depois de racionalizar a incômoda conversa inicial. Por isso mesmo clamava em descobrir se reunia fatores capazes de colocá-la no mesmo grupo: o dos 'escolhíveis'.

Uma lembrança recente interrompeu o fluxo de pensamento que a levava para fora de si, perto dele. No Natal havia recebido um beijo surpresa de outra pessoa.
Acolheu, por alguns segundos e meio envergonhada, a boca macia, quente e úmida de Cabernet Sauvignon daquele que a tinha escolhido. Nunca tinha pensado em beijá-lo antes, desde que se tornaram amigos, mas a estranheza foi substituída por um sentimento curioso, de cumplicidade e segredo, muito embora tal fato não precisasse ser calado. Não fora o início de um romance, nem o fim de uma amizade. Fora algo físico, tanto que ela levara os dedos indicador e médio aos lábios depois do ocorrido e fechara os olhos por um tempo até maior do que o tempo pelo qual as línguas se tocaram. Precisava tocar-se para ter certeza da realização. Fora como a sensação do primeiro beijo, pensou.

Mas as festas de fim de ano já haviam passado e a boca que estava a sua frente não era a mesma do toque inesperado e os olhos ali não eram verdes, mas azuis. O mesmo azul quase oculto pelo movimento dos músculos da sua face provocado pelo sorriso ao ser questionado.

Uma enxurrada de pensamentos surgiam enquanto ela esperava as palavras dele brotarem, mas sua história recente -passada em frames tão rápidos na sua memória quanto inserções subliminares de filmes- tivessem lhe trazido uma autoresposta.
“Todo mundo é ‘escolhível’, independentemente de reciprocidade”, ela concluíra em pensamento. Sorriu e acendeu um novo cigarro. Lá fora, a chuva continuava a atingir o verde vale.

Stela, sob licença poética. Porque nem tudo que é autobiográfico é biografia.



Reprodução do Digestivo Cultural de hoje (http://www.digestivocultural.com.br/)

"Ame-me para sempre. Só não engorde, me aborreça ou envelheça."

Hugh MacLeod, o cartunista global da internet, mais uma vez (via @eduacarvalho).

Julio Daio Borges
2/1/2009 à 00h30

Polaroid




Quando menina, insistia em piscar os olhos com força cada vez que via uma cena merecedora de ser registrada na memória. Era como se o ato físico do piscar conseguisse produzir na retina uma fotografia do momento e, assim, não descartar da memória a felicidade do instante.

Meu sonho, à época, era uma Polaroid –nome da marca, mas que servia pra denominar aquelas máquinas cujas imagens saíam instantaneamente, com a clássica borda branca (um luxo para poucos nos anos 80).

Tinha medo de perder aquelas pequenas peças de felicidade. Achava que as boas coisas da infância ficariam esquecidas um dia –motivo pelo qual eu atribuía a cara sisuda e preocupada dos adultos. “Não se lembram de como foram felizes quando pequenos. Prometo a mim mesma que não vou me esquecer”.

Não queria deixar apagar dias como o que passei com minha família no Horto Florestal, em Campos do Jordão, quando brinquei com os girinos à beira do lago. Queria me lembrar das guerras de mamonas e das amoras que roubava no quintal numa viela barrenta, perto da minha casa. Gostava dos azulejos azuis da cozinha e de dormir de barriga pra cima no quintal, com meu gato ('Fofão', preto, peludo e cego de um olho) debruçado sobre mim e acompanhando o vai e vem da minha caixa toráxica. Eu não era necessariamente feliz naquele período, mas havia uma plasticidade naquela cena da qual me lembro com perfeição. Havia beleza mesmo nos dias tristes, assim como há uma singeleza incomparável nos dias cinzentos de garoa.

Talvez tenha sido naquela época, quando eu tinha menos de oito anos de idade, que comecei a pensar que os dias de chuva, e não os de sol, deveriam ditar a fotografia de todos os encontros interessante do cinema. Uma vez assistira fragmentos de 'Casablanca' e fiquei com aquela emoção produzida pela imagem da chuva no filme. Apertando minhas pálpebras, fotografei na memória aquele instante, talvez o dia em que o amor romântico, mesmo em preto e branco, começara a fazer sentido pra mim.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Fundamental é mesmo.





Ser solteiro não significa ser só. Gosto de chegar em casa, tirar os sapatos e não lavar a louça na pia há dois dias. De ir ao cinema e passear pela beira do rio sem nenhum acompanhante. A diferença é se o verbo está ou não no condicional.
Deve-se querer fazer essas coisas sem um par. Do contrário, teremos a solidão.
Hoje senti um pouco dela. Queria alguém pra ir comigo ao cinema, mas todos os meus amigos que topariam o referido filme comigo estão viajando ou ocupados.
Aproveitei para tentar visitar um casal de amigos. Não rolou. Estou feliz porque continuarei no trabalho em 2009, o que era uma incógnita a todos servidores em cargos de comissão após as eleições municipais. Queria compartilhar com alguém meu entusiasmo. 2009 soava-me desafiador, com novo chefe e a qualificação do mestrado já em maio. Agora, com a definição do meu trabalho, estava mais tranquila, mas ainda sem ninguém pra comemorar (o Henrique ficara na casa do pai). Também ganhei um lenço lindo de presente da estagiária que trabalha comigo. Aparentemente pequenas coisas, mas grandes o suficiente para me render uma festa interna.
Por essas e outras me senti extraordinariamente solitária durante algumas horas.
Substitui a melancolia por rever um filme de tema tão piegas que prefiro o original, em inglês: The Holiday. Eu já havia visto e então não haveria más surpresas: sucesso garantido aqui em casa! Pensei: ver o Jude Law caindo de amores por uma tresloucada insensível seria uma boa. Abri algumas cervejas. Ri e quase chorei com a Kate Winslet --que, ao lado do Jude (para íntimas), está no meu top five de celebridades hollywoodianas favoritas.
Comi um pacote de amendoim. E, confesso, cheguei a dar gritinhos com a "atuação" apaixonante de Mr. Law.
Liguei pra um amigo só pra dizer que ele parecia o Jack Black --uma revelação pra mim aquela hora da noite. Liguei pra minha amiga só pra saber como estavam as coisas em Floripa na noite de hoje.
Vou ouvir Yo La Tengo e ler um quadrinho da Mojo Books (www.mojobooks.com.br) sobre os Beatles que baixei hoje (oficialmente!) de graça do site, graças a matéria publicada nessa data na Ilustrada. Termino o texto no meu notebook cuja última parcela eu pagarei amanhã (viva!).
Tenho que discordar de Vinícius. Fundamental são tantas coisas além do amor. Engraçado mesmo é se sentir feliz sozinho. Como eu termino essa noite.