Durante muito tempo hesitei em ouvir Beatles. Parecia aquela coisa pré-estabelecida das muitas aclamadas sem muito sentido, parecida com Legião Urbana. Sabe aquele coisa de gente fanática defendendo Beatles como se nada de melhor tivesse sido produzido na música? Assustava-me um pouco. Nunca conheci alguém que gostasse ‘mais ou menos’ de Legião Urbana ou de Beatles. Era sempre aquela coisa de adjetivá-los com 'sensacional', 'divino', 'awsome' ou até o dissemidado 'é foda', se preferir (quem nunca ouviu a sentença 'Beatles é foda?').
E eu tinha tudo para gostar de Beatles. Havia uma relação emocional entre eu e a banda. Uma de minhas primeiras lembranças da praia, quando viajamos no Santana vermelho dos tios Waldir e Inês, tem como trilha sonora ‘Michelle’ e ‘Strawberry Fields Forever’. Lembro do caminho da praia do Lázaro, a rodovia Rio-Santos no trecho de Ubatuba, ao som de ‘Michelle ma belle’. Ainda assim Michelle (e as Micheles soltas no mundo me perdoem) soava como nome de menina chata. Não há lógica nisso, eu sei. Mas muitas Micheles que encontrei por aí eram, de fato, meio xaropes e quase sempre loiras (e eu não tenho nada contra loiras, é bom atestar!). Há mais: um de meus filmes favoritos da 'Sessão da Tarde' nos idos dos anos 80 era Hard Day´s Night. Adorava a cena das fãs se escondendo para ver seus ídolos (mais tarde, fiz um remake da cena na vida real para pegar uns autógrafos com o U2 Cover. Situação vexaminosa, admito hoje, passados 16 anos da cena).
Quanto aos Beatles, eu achava meio besta essa coisa de Ob-La-Di Ob-La-Da. A versão de Kiko Zambianchi para Hey Jude, sucesso quando eu tinha 12 anos, ajudou na repulsa. E o ‘lá vem o sol’ de Lulu Santos? Jesus, acende a luz! Que saco! Eu costumava pensar.
O acaso fez com que justamente uma cantora brasileira despertasse a vontade de ouvir Beatles com atenção. Cássia Eller, uma dessas unanimidades incontestáveis (como que por ironia), gravou Come Together e tudo mudou. Foi a primeira vez que ouvir Beatles com a atenção necessária para desmistificar aquela minha primeira impressão, de banda de yeah, yeah, yeah.
Come Together e I´ve Got a Feeling são duas obras raras, pensei. Atuais! Certamente há outras. Bingo! Discografia em mãos, ficou impossível resistir ao quarteto e tudo, tudo mais que ele representou à história da música, do rock, e por que não, do mundo.
Como em ‘I am Sam’ (filme divino com Sean Pean e título péssimo em português, o qual nunca lembro), os ‘meninos de Liverpool’ têm um repertório para cada momento da vida de qualquer pessoa. Qualquer cotidianidade, qualquer sentimento. É trilha sonora para a vida. Mas esse texto está fanático demais para continuar. Tenho medo de afugentar possíveis novos fãs.
(Só para distoar da maioria, um dos meus álbuns favoritos é o renegado Let it Be. Eu e pelo menos Two of Us, para não deixar de constar um trocadilho)
6 comentários:
so para dizer que entrei no teu blog!
Sei bem como tu se sente. Também achava os garotos do yeah, yeah, yeahs um saco! Remetia aos momentos mais chatos nos bailes: as músicas de 60, que não conhecia e achava tudo igual. Até o dito dia em que tive acesso à discografia completa e tudo mudou!
Hoje me junto ao coro e digo:
"Beatles é foda!"
:)
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
O Álbum Branco (1968) destrói qualquer desconfiança em relação à maior banda de todos os tempos!
É um disco que, gravado há quase quarenta anos, muitas bandas atuais tentam produzir algo semelhante (mesmo com toda tecnologia do século XXI) porém sem êxito.
Ninguem resiste aos seus textos e aos seus dotes culinários.. auahahhuaha
te adoro!!!
bjo
estarei sempre aqui!
É meu artífice de sedução.. hehehehe
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