Iguaria, que pode ser encontrada em Jacareí durante todo o ano, pode virar patrimônio cultural do município
Uma iguaria feita à base de uma receita simples - água, farinha de milho e lingüiça – promete não só provocar o apetite de muita gente mas também uma saborosa discussão. Em mais de um século de tradição na cidade, o bolinho caipira ganhou popularidade em festas juninas, sua fama se espalhou pelo Estado e, agora pode virar patrimônio cultural de Jacareí.
A iniciativa de reconhecer o bolinho caipira como um patrimônio partiu da Diretoria de Patrimônio da Fundação Cultural de Jacarehy José Maria de Abreu. E ganha mais tempero com a realização da Feira do Bolinho Caipira, intitulada 'Patrimônio Cultural de Jacareí', que acontece entre hoje (17) e domingo (19), das 18h às 21h, no MAV (Museu de Antropologia do Vale do Paraíba). Na feira serão vendidos os três tipos de bolinho caipira mais conhecidos na região: peixe, carne de porco e lingüiça, acompanhados de bebidas típicas como quentão, além de atrações musicais.
O diretor de Patrimônio, Alberto Capucci, explica que a feira abre espaço para discutir as ideias e propostas para transformar oficialmente o bolinho caipira em patrimônio cultural de Jacareí. “É bom frisar que este evento não é um concurso, mas uma feira onde a população poder saborear o bolinho e ouvir as diversas versões sobre sua origem. Isso faz parte do nosso interesse de declarar o bolinho caipira como patrimônio”. E para apimentar mais o assunto, o diretor destaca ainda que “não estamos dizendo que é só Jacareí que tem o bolinho caipira. O fato é que Jacareí saiu na frente”,
O departamento iniciou estudos e pesquisas para colher dados e informações sobre a origem e difusão desse prato típico. Mas de acordo com Capucci, é um saber que passa 'de mãe para filha', não há registros fotográficos ou escritos, o que existe é história oral. Ainda segundo ele, é provável que a origem dessa iguaria seja com os índios puris (grupo indígena que habitou a região sudeste), que utilizavam o peixe e farinha como ingredientes. Com a vinda dos portugueses, no século XVI, passou a ser feito com carne de porco. Hoje, há variações no modo de preparo, mas a receita à base de farinha de milho branca e lingüiça permanece como a tradicional.
Especialistas – A quituteira Ignes Leme Nogueira de Abreu, que faz bolinho caipira há 40 anos, lembra que, em Jacareí, o famoso salgado deixou de ser um prato típico de festas juninas e pode ser encontrado durante todo o ano em barracas e traillers instalados na cidade. “É irresistível. A receita que fazemos com carne de porco faz sucesso o ano todo”, garante.
E há quem defenda que o saboroso quitute também pode ter um certo requinte e frequentar buffet de casamento e aniversários. “É uma atração em Jacareí. Muita gente vem à cidade e quer experimentar o bolinho caipira. Muita gente faz encomendas inclusive para festas de aniversário e casamento”, diz Berenice Abreu, que aprendeu com a mãe Zilda Abreu a receita do tradicional bolinho feito com lingüiça.
Já a baiana Mirela Gross faz questão de ressaltar que apesar da variedade do recheio, é o tempero que dá mais água na boca. “Cada um põe o seu tempero. Costumo caprichar no condimento e isso tem dado muito certo”, afirma.
Desde 1958 – Um dos mais antigos na arte de fazer o bolinho caipira é o comerciante José Maria de Souza, mais conhecido como Zequinha do Mercadão, conta que faz bolinho caipira de 1958. A sua banca no Mercado Municipal de Jacareí – que funciona desde 1962 – tem como principal atração o bolinho caipira de linguiça. “Também fazemos sob encomenda o de peixe”.
Feira do Bolinho Caipira
Dias: 17, 18 e 19 de julho das 18h às 21h
Local: Pátio do Museu de Antropologia do Vale do Paraíba
Atrações barracas com os três tipos de bolinho caipira (peixe, carne moída e lingüiça) e atrações musicais.(Por Rosana Antunes, jornalista da Prefeitura Municipal de Jacareí)
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