Então quando ele a tocou ela, tão incrédula, começou
a acreditar em alma. E não havia como
amá-lo mais do que ela já o amava, porque como é sabido, não há paixão ou contato físico que
supere o amor da amizade. A afeição criada pelo
encontro fraternal supera a alegria orgásmica e, assim, estabelece uma simbiose
perfeita (do tipo capaz de nos fazer acreditar em coisas etéreas como almas). Não há máscaras a usar ou cair, não há medo, receio ou fraude. A alegria de estar juntos independe do quanto vestido estão: são e serão sempre boa companhia, um ao outro.
Há
aquele momento brilhante em que estiveram juntos, mas ele apenas se soma a tudo
aquilo que eram antes ou aquilo que continuarão sendo depois. O futuro não causa
expectativa: podem ser fraternos amigos ou ardentes amantes, o adjetivo é que
menos importa nessa sentença. O substantivo rege essa oração: a amizade e, consequentemente, o amor que dela deriva.
E ela não precisava cavar um espaço no coração
para guardá-lo: há muito ele estava lá, e essa cadeira, conquistada ao longo dos
anos, a ele pertencia e era insubstituível. Como havia dito há muitos séculos um certo escritor espanhol, “La amistad multiplica las cosas buenas y
divide los males.". A partilha é o que importa.
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