A estiagem parece ter chegado para ficar. A cortina imposta pela nuvem de fumaça que paira no atmosfera encobriu o sol e tornou possível observá-lo com maior segurança à retina. O ar seco deu aos céus do interior os tons da capital.
Durante o trajeto para a escola do meu filho, hoje, pude observar cinco focos de fumaça apenas sobre o perímetro delimitado pelo meu raio de visão. E mesmo de longe, senti-me sufocada.
Lembro-me perfeitamente quando me dei conta da poluição pairando sobre o céu. Foi há 14 anos, durante férias em Campos do Jordão com meu pai.
Empolgada com a possibilidade de ver de cima outras cidades do Vale do Paraíba, fomos a um dos picos mais altos da cidade (lugar cujo nome não me lembro agora). A chegada ao cume veio acompanhada da decepção. Também no inverno, o céu estiado estava encoberto dessa névoa que acostumamos a ver e que impedia a visão das cidades baixas.
Naquele momento tive nojo de respirar um ar assim, tão denso. Pensei como seria possível viver debaixo dessa atmosfera e até quanto nós levaríamos para “matar” todo o oxigênio do mundo. “Ainda bem que temos a Amazônia!”, pensei baseada na minha visão simplista e adolescente.
Por sorte, meu pai me elucidou sobre os efeitos da chuva sobre a seca. E eu, que tantas vezes reclamara das tempestades, desejei pela primeira vez ver o céu chorar copiosamente como naqueles documentários sobre floresta tão interessantes à época.
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