Pintadas a mão por Stela, pessoa estranha porém bem-humorada e insistente na tentativa de imprimir cores em seu mundinho cotidiano mas raramente monocromático.
sábado, julho 04, 2009
Meu celular morreu com Michael Jackson
O último dia 25 de junho marcou a história recente do entretenimento e da cultura pop mundial. A morte de Michael Jackson provocou um colapso momentâneo no Google, mais de 100 mil atualizações por minuto com o nome do astro no Twitter e um incremento quase instantâneo de 8.000% a mais nas vendas dos produtos com a marca MJ.
Michael Jackson é parte da vida de muita gente que, como eu, acompanhou grande parte da carreira artística do Rei do Pop. Lembro-me de ter visto a estreia de Thriller no Fantástico e decorei mesmo com pouca idade muitas músicas do ídolo. Minha infância não teria sido a mesma sem ele, assim como Madonna impactou minha vida desde que a vi dançando vestida de noiva na tevê.
Soube da notícia por telefone, quando tomava banho. Atendi o celular ainda no chuveiro. Era a Taís. Com um tom de voz que misturava drama, descrença e uma certa euforia, ela me contou: "Stela, Michael Jackson morreu. Está em todos sites de notícia, mas a CNN ainda não confirmou".
Fechei o chuveiro perturbada. Como poderia Michael Jackson ter morrido? Ele é do tipo imortal, daquelas pessoas que parecem nunca ter sequer nascido, mas brotado em algum campo pronta direto para o mundo do entretenimento.
Poucos minutos depois, meu celular desligou. A pane atingiu até mesmo o chip com o número que me acompanhava desde 2004 (pelo menos). Já testei em outros aparelhos e nada. Provavelmente, o vapor do chuveiro tenha danificado os 'circuitos'. Poeticamente, prefiro pensar na hipótese do aparelho ter tido um tipo de AVC robótico. "I´m going with Michael".
We care about Michael
Michael é o exemplo dos tempos da modernidade líquida de Zigmunt Baumann: a celebridade líquida, intangível, imaterial, volátil. Suas mudanças atestam como ele personifica os tempos da 'pós-modernidade' e sua morte noticiada instantaneamente é um exemplo da sociedade da informação. O volume de material produzido pela imprensa em homenagem ao astro pop confirma a avalanche de informações.
Ninguém do mainstream fora mais excêntrico. Michael Jackson mudou de cor, de forma, de conteúdo. Não queria crescer pois vivera 17 anos no rancho da Terra do Nunca. Envolveu-se (ou fora envolvido?) em escândalos sexuais. Sua conduta familiar fora tão bizarra quanto as cirurgias para mudança do rosto. Fora casado com a filha de Elvis Presley e dono dos direitos das músicas dos Beatles (o que rendeu um atrito com Paul Mccartney). Por um tempo, dormira em uma câmara e seus filhos eram obrigados a usar uma máscara tão esquizofrênica quanto sua própria imagem. Mas Michael Jackson redefiniu a linguagem do videoclipe e a dança. A MTV não seria o que é sem ele. Nem Justin Timberlake e todo o resto da música pop. E, desde então, nem meu número de celular.
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2 comentários:
Sensacional!! Imagina o que vai acontecer quando morrer o Roberto Carlos, a Hebe, o SS...
O Didi Mocó, a Xuxa... E por aí vai.
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