Ser velho é cansativo, dizem-me por aí os mais idosos. É o sono inconveniente da tarde e escasso nas últimas horas da madrugada, as dores crônicas e o corpo que não acompanha a sabedoria adquirida com o passar do ano, e os amigos vão se tornando cada vez mais raros.
Com o tempo, a gente se torna menos tolerante para certas coisas – isso eu posso atestar já do alto dos meus 36 anos – e mais flexíveis para outras. Ser velho é ser melhor por dentro, acredito eu, mesmo com as manias recrudescidas e a pele marcada.
Mas há um lado encantador da velhice que é a emancipação dada por ela. Ao envelhecer, as preocupações com os padrões impostos pelo bom costume se tornam mais tênues. Não é preciso vestir terno para o trabalho, nem andar com a maquiagem perfeita para atender aos clientes.
Ser velho te livra do sapato de salto e lhe apresenta as pantufas quentinhas e chinelos de dedo fresquinhos. Ser velho permite que você seja meio louco, mesmo dotado de sanidade, porque afinal, “velhos são gagás”, diz o senso comum. Você pode rir alto e falar palavrão, porque pensarão: “ah, ele(a) já não está bom da cabeça”, ainda que você esteja em pleno uso de todas faculdades mentais.
Aquela pochete e sunga podem caminhar juntas na praia, o chapéu e a sombrinha não serão estranhas aos outros em dias de sol e nem pensarão que você é um bom vivant se passar seus dias na praia. Suas rugas lhe darão passe livre para a emacipação, desde que você não se desespere com elas. Ser velho é libertador, acredito, enquanto desfruto minha vidinha sem temer o futuro que me espera.
Stela
__________
Publicado hoje aqui, ó: http://www.gazeta.inf.br/2013/10/15/as-vantagens-de-envelhecer/
Nenhum comentário:
Postar um comentário