sexta-feira, agosto 12, 2005

Boa surpresa



Enquanto revirava uma coleção de revistas Caros Amigos, encontrei uma doce surpresa.
Como a caixa de CD em que tropecei tempos atrás, o achado --um encarte do poeta Manoel de Barros, com belíssimas ilustrações do mesmo-- encheu meu dia de alegria.

São fragmentos a então inéditos (escritos em 99), do 'poeta passarinho', decodificador da simplicidade do Pantanal e do cotidiano em lirismo.

Transcrevo aqui:

Dois fragmentos da
Pequena Biografia Minha para
Enfeitar a Noite de Meu Bem

Eu teria 15 anos
A fala torta dos tontos, das crianças e dos bêbados,
me encantavam mais do que a fala dos príncipes.
Outra: as pobres palavras que moravam nos fundos de
uma cozinha, tipo lata, borra, cisco, -me encantavam
mais do que as palavras ditas nos sodalícios.
Também meus alter-egos só eram pobres-diabos: tipo
Bola Sete, Mário Pega Sapo, Bernardo da Mata, Mané
Passo Triste, Pote Cru, etc.
Todos seriam bêbados ou bocós.
Um dia alguém me sugeriu que adotasse um alter-ego
respeitável, tipo um presidente, um almirante.
E eu respondi: mas quem ficará com os meus abismos
se os pobres-diabos não ficarem?




Ainda sobre Manoel de Barros
Admirador de Luiz Carlos Prestes, o poeta Manoel de Barros contou ter chorado de desgosto ao ver o político enaltecer Getúlio Vargas em um discurso que esperava há tanto. Não se conformou pelo fato de Prestes, que teve a mulher entregue a condenação certeira da morte por Getúlio ao governo nazista, 'virar a casaca', como diria a sabedoria popular. Abandonou o Partido Socialista, a quem servira, desde então.

Hoje, acredito que há pelo menos uma centena de petistas (e milhares de ex-simpatizantes como eu) que reviveram o sentimento do poeta ao ver Lula apresentar seu discurso populista de Getúlio. É de sentar e chorar.

Rodapé
Nas coisas práticas do dia-a-dia, espero ganhar uns trocados pra matar minha sede de consumo.

A lista (que pode aparecer esdrúxula) inclui um par de botas de plástico --de preferência azul royal, pra combinar com o céu-, daquelas, necessárias para certos serviços domésticos, como lavar o quintal, uma tesoura de jardinagem.

Por último, o objeto do desejo, um par de óculos rayban modelo seriado 'Chips'.
(Esse será mais difícil já que o preço está na casa dos R$ 650). Também preciso de um vinho. Não qualquer um. Um dos bons. Logo, caro.

E ainda: os 'novos' lançamentos do ColdPlay, Los Hermanos, Pato Fu, Foo Fighters, além de convites para dois shows programados para os próximos 15 dias em São José.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pato Fu com disco novo? Não tô sabendo! Isso que dá me exilar na Mata Atlântica litorânea, que como tudo na vida tem os prós e os contras. PARABÉNS, FIA!!!! Nem sabia! E o jantar da elite, fica na lenda? Estou de volta - portanto, agiliza que eu topo!!

Ray Ban do Eric Strada: R$600
Um bom Valpolicella: R$45
Um abraço enorme pra você meu bem: Não tem preço!!!

Beijo!!

Tio Leleka, http://omeninoazul.zip.net

Stela disse...

Lelê, meu querido.
Pois é. Bem lembrado, porque havia me esquecido o nome do tal Eric Strada.
Tenho que ver com a tresloucada Margutti sobre o jantar da elite. As férias da rainha da
Moda já acabaram. Anyway, o meu convite ainda está de pé. E adorei o lance do abraço.
Esse seu sorrisinho também não tem preço!