Sempre achei que não fora muito abençoada pela sorte –e cheguei a duvidar se é que ela existe. De repente, tropeço em uma caixa com três CDs que ganhara no passado (Clássicos do Jazz, editado pela Som Livre) e quase esquecida na estante.
A começar pela caixa, decorada com as imagens de Laurabeatriz, artista plástica do Rio de Janeiro, a coleção é maravilhosa. Acho melhor eu (voltar a) acreditar em venturas.
Tudo bem, gosto de jazz, mas não é para toda hora. Pra ser sincera, essa coisa de dizer que gosta de jazz às vezes soa meio falso. Parece argumento de gente “cult” que, como eu, tem cabelo vermelho, adora filme estrangeiro, Ed Motta e outros artefatos indies.
Bom, ainda sobre a tal caixa
Ouvir a tal caixa me transporta novamente para meu universo paralelo. E das 13h55 vou diretamente para às 21h17, precisamente, onde posta à mesa de um restaurante envolto em aura ameralada que se dissolve na penumbra peculiar aos sonhos.
Postada estrategicamente ao lado esquerdo do palco, aos fundos, a mesa permite ver apenas as mãos que acompanham a jam session embalada por Wes Montgomery (tocando How Insensitive) and Cool Breeze, com Dizzy Gillespie, além do sax de Stan Getz –este vindo diretamente dos céus da Filadélfia para a ocasião.
A minha frente, um milhão de amigos imaginários sorriem com elegância. E lá está você. Aliás, não é o primeiro texto que lhe escrevo –e isso acabo de me lembrar. É que passaste tanto tempo ausente, que apenas lembrava-me de você quando, não sei porque, perdia-me em qualquer olhar.
Recomendo: God Bless the Child, com Billie Holiday.
2 comentários:
Voce demora pra escrever, mas tambem quando escreve arrasa !
Soube da sua sensibilidade logo que te conheci. Mas agora, sorte minha, sei também do seu talento.
É bom ver que você escreve e como eu penso humildemente, como uma mulher deve escrever, descrevendo os detalhes desse mundo que nós homens enxergamos com olhos tão baços.
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