Primeiro tempo
Não devemos negligenciar a inteligência popular. Soa senso comum, mas de fato todo brasileiro dever ser apaixonado por futebol. Pude confirmar a partir de análise empírica durante a final da Copa das Confederações.
Lá na sala, os ‘dois homens’ da casa assistiam tal acontecimento enquanto a mim, o que interessava mesmo era eliminar da pia o que restara do almoço.
Uma passada pela sala mudou tudo. Bastou uma olhadela para Ronaldinho Gaúcho e a emoção que acaba afetando indiretamente a mãe dos juízes de futebol voltasse à tona. Como se nunca, jamais, tivesse saído daqui.
Em casa, qualquer programação musical sobrepõe os jogos do esporte sinônimo de brasiliandade –mesmo os dos meu querido time, São Paulo (quase sempre fico a par dos resultados do tricolor paulista no dia seguinte, pelo olhar rápido às bancas de jornais).
Mas anteontem, rendi-me àqueles 11 homens e sucumbi à taquicardia que agoniza milhares de brasileiros em dias como esse (por isso, acho perdoável a postura dos congressistas que, diante da mesma ou até maior empolgação, deixaram em segundo plano a votação pautada em plenário em detrimento do mesmo espetáculo).
Ao final do jogo, minha palpitação rendeu até um questionamento do amado filho –habituado a ver a mãe em sofreguidão apenas durante shows do Nando Reis.
--Pai, por quê a mamãe está gritando?
E a resposta: --Porque o Brasil está jogando filho. E vencendo os argentinos por quatro a um!, disse animado o querido marido torcedor.
Segundo tempo
Para que o pequeno não passasse vergonha diante dos aspirantes a jogador do condomínio –como a maioria dos meninos entre os dois e 17 anos é— tentamos explicar a ele o que era futebol.
-- “Onze homens em cada time, com o objetivo de colocar a bola dentro do gol adversário, aquela redinha que está no lado oposto do campo”, tentei com minha didática quase nunca apropriada para os menores de cinco anos.
Era mais fácil faze-lo cantarolar as músicas do Acústico MTV da já saudosa Cássia Eller.
Entender porque cargas d´água uma porção de homens corre atrás de uma bolinha, num campo imenso, pode não ser tão fácil.
O pai até que se esforçou, levando o pequenino ao fundo do condomínio para ensaiar uma pelada a dois.
Não teve jeito. Em menos de cinco minutos, estavam os dois de volta. A justificativa? A resposta do pequeno: --Ah, papai, vamos lá em casa ouvir um ‘sonzinho’.
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