Pintadas a mão por Stela, pessoa estranha porém bem-humorada e insistente na tentativa de imprimir cores em seu mundinho cotidiano mas raramente monocromático.
quinta-feira, outubro 07, 2010
Merda? Só no ventilador
Não sou artista, mas admitido: tentei ser inúmeras vezes e em diversas modalidades. A primeira tentativa foi a dança, com a famosa modalidade doa anos 80, a do 'jazz'. A iniciativa só serviu para dar a minha infância um tom ainda mais melodramático, quase como roteiro de novela mexicana. De tão descordenada quase fui parar no consultório sob suspeita de dislexia.
Mas continuei tentando ser uma pessoa do meio artístico. Aos 12, era 'atleta' de ginástica olímpica. Foram dois anos de intenso treinamento que me deixaram um aprendizado eterno: como levantar sorrindo depois de uma apresentação sofrível em um ginásio lotado. Explico: eu era boa naquilo - aprendi parada de mão, mortal e alguns exercícios no cavalo. Mas, ironicamente, empacava feito mula no fundamental exercício da 'estrela'. Não acha ironia? Lembre-se: eu me chamo Stela - nome que, em latim, significa estrela. Okay, conformei-me em não ser uma supernova e ficar como a primeira estrela estática do cosmos.
Naquele mesmo tempo, eu cantava na escola acompanhada de um colega, que conheci na igreja! Ele virou músico e, como cantor de musical, foi morar na Itália. Eu? Ganhei uma rouquidão (que estudo se é patológica ou apenas fruto do jeito sexy e peitoral do latino-americano) e virei jornalista, que era um segundo sonho meu, além da música.
Desajeitada para a ginástica e a dança, aos 14 fui me arriscar no teatro. Foram menos de quatro meses de oficina que eu frequentava na cidade vizinha onde eu vivia até pouco tempo, no Vale do Paraíba paulista. O professor, muito simpático, dizia que eu levava jeito (acredito que por dó das minhas desventuras com as artes). Talvez se eu pudesse viver um personagem que não exigisse muita coordenação motora, como um abajur, penso agora. Porém, minha futura carreira nas artes cênicas foi enterrada por um gesso, quando quebrei meu pé voltando da aula.
Restou-me a arte da escrita: mas oito anos como repórter de jornal diário acabam com o sonho de qualquer escritor. Parafraseando João Cabral de Melo Neto, o jornalismo diário "comeu meu nome, minha identidade, meu retrato", minha vontade de escrever um livro. Fiquei perdidinha em pautas sobre aprovações de projetos de lei, vazão de reservatórios, explosões e incêndios... Até que acabei me encontrando justamente onde todos se perdem: no Carnaval.
Ao conhecer a festa profana da pequena cidade de São Luiz do Paraitinga (SP), dei-me conta que não nasci para ser artista: estou aqui pra estudar esses fenômenos. Durante três anos, enterrei-me na literatura sobre o tema e fui estudar Sociologia da Comunicação e da Cultura.
Graças ao caos que o mundo (ou seria as leis da física?) nos impõe, aportei na tríplice fronteira brasileira neste ano, deixando parte do meu coração em minha terra natal. A outra parte está aqui, batendo forte nesta nova tentativa de receber os votos de 'merda' ao final deste espetáculo que é a vida.
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2 comentários:
Stela (Madona) esqueceu de comentar, que aventurou-se pelo campo da dramaturgia... quando te conheci, naquela oficina com Maricy Salomão, lembra?
hahaha
verdade, cris!
foi legal aquela oficina.
não rendeu nenhuma peça, mas a nossa amizade!
beijo, gata!
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