terça-feira, outubro 22, 2013

Um dia em Mercúrio



Um dia em Mercúrio tem 2.160 horas de duração. Por ser o planeta mais próximo do Sol, por lá não há dia acinzentado ou tempo nublado. É sempre quente, com temperatura média de 169°C, embora estudos apontem evidências de gelo em suas crateras.

Mercúrio não é Vênus, planeta do amor, mas rege o signo de Gêmeos que aparece no centro do meu mapa astral com o ícone S2 (nunca havia entendido o porquê). Okay, admito que essa última informação é a única inverdade nesse texto, mas acredito que você já tenha percebido minha predileção por dar um certo lirismo – ou diversão – à realidade. Tenho feito isso com mais frequência nas suas últimas 2.160 horas, o tempo de um dia em Mercúrio, o equivalente a 90 dias na Terra. Se fizermos uma contagem regressiva, você sabe quando começa esse dia.

Não sou muito afeita a datas e sou mais astronomia à astrologia. Seja pela ciência ou esoterismo, essa temporada de três meses que passa lentamente fora do nosso planeta também tem me colocado no espaço, feito-me ver estrelas e a fazer declarações piegas, mas sinceras.

Obrigada pelo nosso dia em Mercúrio.

terça-feira, outubro 15, 2013

As vantagens de envelhecer





Ser velho é cansativo, dizem-me por aí os mais idosos. É o sono inconveniente da tarde e escasso nas últimas horas da madrugada, as dores crônicas e o corpo que não acompanha a sabedoria adquirida com o passar do ano, e os amigos vão se tornando cada vez mais raros.

Com o tempo, a gente se torna menos tolerante para certas coisas – isso eu posso atestar já do alto dos meus 36 anos – e mais flexíveis para outras. Ser velho é ser melhor por dentro, acredito eu, mesmo com as manias recrudescidas e a pele marcada.



Mas há um lado encantador da velhice que é a emancipação dada por ela. Ao envelhecer, as preocupações com os padrões impostos pelo bom costume se tornam mais tênues. Não é preciso vestir terno para o trabalho, nem andar com a maquiagem perfeita para atender aos clientes.

Ser velho te livra do sapato de salto e lhe apresenta as pantufas quentinhas e chinelos de dedo fresquinhos. Ser velho permite que você seja meio louco, mesmo dotado de sanidade, porque afinal, “velhos são gagás”, diz o senso comum. Você pode rir alto e falar palavrão, porque pensarão: “ah, ele(a) já não está bom da cabeça”, ainda que você esteja em pleno uso de todas faculdades mentais.

Aquela pochete e sunga podem caminhar juntas na praia, o chapéu e a sombrinha não serão estranhas aos outros em dias de sol e nem pensarão que você é um bom vivant se passar seus dias na praia. Suas rugas lhe darão passe livre para a emacipação, desde que você não se desespere com elas. Ser velho é libertador, acredito, enquanto desfruto minha vidinha sem temer o futuro que me espera.

Stela

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Publicado hoje aqui, ó: http://www.gazeta.inf.br/2013/10/15/as-vantagens-de-envelhecer/

Pra inspirar: http://www.youtube.com/watch?v=HFgi79BbrxI

terça-feira, outubro 01, 2013

De saudade não se vive, nem se morre


De saudade não se vive, nem se morre. Se matasse, essas linhas não teriam sido escritas. Se deixasse viver, não andaria ao meu lado como um amigo imaginário, lembrando-me do que não tenho.
 
Saudade é companhia indesejada. Caminha ao mesmo lado a passos curtos e espreita os caminhos daqueles que dela não querem sofrer.

É a sombra de alguém, de lugares e momentos perdidos no espaço. A saudade é o nome do amor transmutado pela distância, afastados pelos imperativos geográficos ou da vida. Saudade é kriptonita e a presença seu único antídoto. Não se morre dela e nem com ela se vive, apenas se prossegue…