segunda-feira, setembro 12, 2011

Nós. 2

Pensei ter sido nós dois mais sofrimento do que amor. Passado tanto tempo, penso que os dois sentimentos sempre estiveram presentes de forma parietária. Vira e mexe, lá estão eles: juntos, para me lembrar da sua existência. Eu abdiquei de nós dois. Você, da sanidade neste processo. "Quem não soube a sombra, não sabe a luz", disse um certo cantor.

Acostumei a viver com esse peito semivazio, com sua presença escondida lá, em algum lugar que eu não quero acessar. Faço "de conta que tudo passa como a fumaça que o vento traz". Sofri com suas idas e vindas do seu universo particular. Você criava roteiros inexistentes, competia com sua sombra. Eu te amava, e amo, mas não soube – nem nunca saberei – lidar com tantas emoções díspares.





Eu queria abrir um pedaço de mim e tirar você de lá de dentro. Mas seus olhos verdes, seu cabelo preto e encaracolado que misturava aos meus dedos e seu sorriso infantil são imagens bonitas demais para serem esquecidas. Você de chapéu, dançando no Carnaval, ajudando as crianças... Com seu sobrinho no colo, os dois sorrindo com os mesmos olhos, como se um continuasse o outro...


Talvez nunca perdoe a mim mesma por ter colocado razão à frente da emoção. Aprendemos nos livros e nos filmes que o amor supera tudo. Mas há tempos deixei de acreditar na literatura ou em roteiros de cinema. O dia a dia, a paz mesmo de se estar só... É muito ou pouco para ser abdicado em nome do amor? Seríamos felizes juntos se não fomos nem quando estávamos felizes? São algumas perguntas que vêm a minha mente, acompanhadas pela mais dura delas:

Quanto tempo se leva para amar alguém? Pouco. Quanto tempo se leva para esquecer alguém? Muito? Sempre? Como posso deixar de pensar em você, se quando minha ferida parece anestesiada, ela volta a pulsar... e pulsar... no ritmo do meu coração?

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