quarta-feira, maio 03, 2006

As aventuras da pantufa verde



Capítulo 1
Esta é uma história de aventura como muitas outras com direito a piratas, bruxas, castelos, ilha deserta e até um menino ou menina como você. Também é uma história meio sem começo ou fim. Dessas que a vovó inventa pra gente dormir, mas acaba nos deixando acordados por mais tempo! É uma história sobre um par de pantufas que pode estar por aí. Em qualquer lugar. Até nos seus pés!

Feitas em feltro verde, as pantufas já nasceram remendadas por pedaços de tecido vermelho e amarelo. Não se sabe porquê, mas elas podiam se adaptar a qualquer tamanho de pés. Talvez tenham sido feitas pelo pai de um bebê que crescia sem parar, assim como fermento que faz dobrar de tamanho o bolo da mamãe. Ou, quem sabe, por um ogro costureiro?

O fato é que a aventura das pantufas começou há muito, muito tempo... Numa época em que fadas e duendes viviam soltos por aí e não precisavam se disfarçar de estátuas nos jardins.

A primeira aventura que se tem notícia ocorreu ainda quando os piratas navegavam pelos mares –com direito a tapa-olho e perna de pau. Um dia, um navio desses corsários atracou em uma ilha perdida no oceano. A ilhazinha era pequena e o espaço de terra mal dava pra abrigar dois coqueiros. Entre eles havia um baú dourado que brilhava como sol, mesmo na noite escura do oceano.

Curiosos, os piratas resolveram atracar para buscar o tal baú. Eles mandaram o que pensava ser o menos corajoso. O homem que era dono da maior barba já vista foi quem recebeu a tarefa de ir até a ilhota remando em um barquinho de madeira escurecida pela maresia e descascado como árvore antiga.

Ao chegar na ilha, o pirata –que na verdade era só o cozinheiro do navio— viu que a embarcação dos corsários estava afundando. Sem ter pra onde ir ele ficou lá na ilhota com o baú. Dentro da caixa havia uma carta amarelada de tão velha e borrada pelas gotas que caíam dos coqueiros e iam direto para dentro do tal baú. Dentro dele estava o par de pantufas verdes.

Sem sapatos, as pantufas serviram de consolo para os pés do pirata cozinheiro e naufrago. Ele não tinha muito o que fazer então passava os dias, meses e anos conversando com as pantufas mesmo sem saber direito o que eram. Antes de encontrá-las, ele nunca havia visto coisa parecida.

Muito tempo depois, o cozinheiro ainda mais barbudo e maluco avistou um navio. Ao se aproximar, a tripulação concordou em tirá-lo de lá desde que, em troca, o homem desse seu baú e tudo que havia dentro dele.

E as pantufas mudaram de mãos.

No navio, o capitão ficou decepcionado ao descobrir que as pantufas eram o único ‘tesouro’ daquele baú dourado e emprestável. Por fim, acabaram se esquecendo delas em algum lugar da gigantesca embarcação de pesca, lotada de peixes por todos os cantos –até mesmo debaixo dos beliches onde dormiam os marinheiros.

Um dia, um dos peixes que se mantinha ainda vivo mesmo horas depois de ser pescado, sabe se lá por qual motivo, acabou engolindo aquele par de pantufas verdes. Que acabaram parando em um mercado na Índia, escondidas dentro do peixão que acabou não resistindo à viagem –para alívio dos marinheiros que já estavam até com medo do bichinho.

(continua)

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Minha primeira incursão pela 'literatura' infantil desde os meus 8 anos, quando escrevi o livro "A Cachorra Teka".
Pretendo dar continuidade, mas postei esse texto aqui em homenagem ao meu filho, Henrique, que está internado hoje com pneumonia e é, além de meu melhor amigo, minha fonte de inspiração e revisor dos meus textos infantis.


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A imagem aí de cima é da maravilhosa ilustradora Bárbara W. Steinberg. Obviamente, não foi feita para o meu blog. Faz parte do portfólio da artista, que pode ser acessado pelo site http://www.babiws.com.br. Achei tão boa que resolvi fazer um merchandising. O contato dela (que nem faz noção da minha propaganda aqui) é pelo telefone 11 8124-7217.

A imagem de cima faz parte do livro "Cadê meu avô?", da Editora Biruta 2004
http://www.babiws.com.br/images/ilustracao14_r4_c14.jpg

3 comentários:

Anônimo disse...

brilhante... embora acho que você ainda pode detalhar mais coisas... por exemplo: pq o navio afundou? havia um crocodilo com relógio na barriga? rs
achei muito bom... sério... curiosamente vc nao saiu de perto da kate winslet, que tb faz em busca da terra do nunca... me lembrei desse filme ao ler seu scrap... bjo e melhoras ao filhote

Anônimo disse...

Eu amei a história..muito bem escrita, cativante, interessante...
Leva mesmo à imaginação rica...
Continua...pq eu quero ler o resto =}
O desenho tá lindo...transmite bem o ar lúdico da história.
Bjks

*a sua ilustração está praticamente pronta....espero que vc goste e q o Henrique aprove =}

Stela disse...

hey, eu tenho as pantufas originais aqui. Preciso fotografá-las e mandar pra vc.

Cadê a ilustração?

E quanto ao livro, eu vou terminá-lo, sim.