quinta-feira, outubro 25, 2007

Aquilo que realmente importa




A regra não tem exceção. Vivemos a maior parte de nossas vidas proferindo explicações sobre o que pensamos, quem somos, justificando-nos e pleiteando –de 'x' salada à amor, aumento de salário, folga nos feriados. Ninguém se livra dessas formalidades. A cada primeiro contato é quase inevitável cumprir a etapa da apresentação do currículo ao interlocutor. Perguntas senso comum como 'o que você faz?, quantos anos têm?' e até a famigerada 'qual signo é o seu?' são praticamente onipresentes nos primeiros diálogos. E diante do questionário 'clichê, aqui estamos nós' perdemos a chance de conhecer informações vitais capazes de apontar aquilo que realmente importa: pequenas coisas, sempre as pequenas coisas.

O diálogo perfeito do primeiro encontro pode ter várias dissonâncias e poucas consoantes. Poderia começar com um 'oi', um 'olá', um 'tudo bem' (não sou radical). A abordagem pode, de fato, determinar o futuro de uma relação (entre duas pessoas ou mais), mas o conteúdo subseqüente é tão importante como o início ou o fim.

Diante desse mundo inundado de convencionalidades, forjei (sem ferro ou fogo) perguntas, conjecturas ou afirmações diversas que gostaria de alimentar em um primeiro encontro. Que deve, como disse, ser regado com pequenas coisas, aquelas que realmente importam. Para dispensar a forma protocolar do início ou do fim, começo pelo meio (sempre a melhor parte em qualquer história). A seguir, os exemplos.


Você prefere caldo de cana na feira ou pamonha na beira de estrada?

Uma das primeiras lembranças da minha infância é a do azulejo branco e do piso vermelho do banheiro da casa onde vivia. Havia algo de especial naquela composição, uma sintonia quase poética na disposição dos ladrilhos. Também gosto de lembrar da estante de livros na casa de um casal amigos dos meus pais e de como era especialmente divertido andar de velotrol.

Gostaria de andar de bicicleta comigo?

Eu gosto do cheiro da casa da minha avó. E do jeito que ela arruma o cabelo com aquele pentinho curto, que os homens costumavam levar nos bolsos traseiros.

Você ainda lambe a tampa do Danete?

Quando eu abraço as pessoas eu sinto como se eu pudesse inspirá-las e depois voltar a ser eu mesma. Neste momento, eu me sinto como se pudesse lembrar-me, com elas, das imagens que lhe vêm à cabeça.

Estou sempre sentindo algo grandioso pela vida. E confesso, já li Paulo Coelho.

Importa-se se eu tocar a ponta dos seus dedos da mão?

Posso me sentar aqui e ficar até o alvorecer. Eu também estou disposta a compartilhar a alvorada. E ver a luz elevandp-se no horizonte até chegar a 45 graus, aqui, ao seu lado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa!
Parece que qualquer coisa que eu escrever aqui será muito banal depois desse texto que eu li.
Magnífico!!! Vc não tem idéia do qto eu gostei!!
Sabe aquelas coisas que vc lê e pensa *eu precisava tanto ler uma coisa assim*. Ultimamente tenho reparado na falta de poesia de se viver no mundo moderno...ou eu que nado distorcendo as coisas.
Enfim, td isso pra te dizer que gostei tanto que salvarei no meu micro para lê-lo qdo eu sentir que as coisas andam muito superficiais!

Bjsbjs

Stela disse...

Obrigada!
Troquemos confidências de fãs, uma a outra então.
Se vc acha que sei fazer isso com as palavras, vc faz o mesmo --ou melhor-- com as imagens!