segunda-feira, agosto 05, 2013

Jornal da semana

Queria escrever algo novo, descontextualizado dele, estratégia boa para não parecer assim muito envolvida. Com medo de assustá-lo, decidiu ser melhor tratar sobre qualquer outro assunto alheio às coisas do coração.

A campanha mal sucedida de seu time no Campeonato Brasileiro, a goleada do Barça sobre o Santos e até a anemia de Neymar poderiam dar cabo de um texto. Havia ainda aquela entrevista do Zygmunt Baumann no Café Filosófico, sua única incursão pela TV neste fim de semana. Só Baumann e seus conceitos sobre a fragilidade dos laços humanos tomariam os dois mil toques de sua coluna semanal. Poderia falar sobre a modernidade e o amor líquidos, termos cunhados pelo sociólogo, e isso daria um ar intelectualizado aos seus escritos. Pronto: de tal maneira, mostraria que segue seu caminho da mesma forma com que tocara a vida até agora.

Havia ainda a opção menos cult e antihipster de falar sobre exercícios físicos e a importância do Whey Protein para quem já tem massa cefálica ativa o suficiente, mas carece de músculos à altura de sua disposição para o pensamento.

O texto poderia também ser político-partidário, porque ela poderia citar a investigação do propinoduto tucano nas obras do Metrô de São Paulo e as investigações internacionais sobre o caso. Daí poderia dizer que a suspeita é da ordem de "R$ 400 e poucos milhões" de bufunfa desviada, coisa que deixaria qualquer Maluf com vontade de fazer um túnel a mais na linha do trem da capital paulistana.

Seria bom para eles que ela escrevesse sobre esses fatos cotidianos, “porque é o tipo de coisa interessante para se conversar no café da manhã”, concluiu. Ela comprovaria, em tese, que “tem mais a fazer da vida” do que pensar nele - uma mentira descarada- porque todas as coisas acima perdem a importância quando ele a abraça, instante no qual um calor envolve seu coração e continua em brasa mesmo quando ela está a tocar o dia a dia. 

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