domingo, agosto 11, 2013

Porque o menos ainda é mais

“Viver melhor com menos” é uma daquelas frases-feitas em voga há algum tempo, desde quando começaram as críticas à sociedade de consumo. O conceito autoexplicativo é bonito de se ler, mas difícil de ser aplicado. Somos compelidos o tempo todo a consumir – e, mesmo com pinta de vilão, o consumo é a mola que faz girar a economia.

Sem consumo e pode de compra, o sistema trava. Por este motivo, um dos modos de manter essa engrenagem operando no atual sistema capitalista são políticas como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). De forma simplista, são os carnês das Casas Bahia e os financiamentos de automóveis que mantêm milhares de empregos. Mas até quando?

As recentes crises do sistema financeiro internacional, os protestos mundiais e outros indícios mostram que o sistema capitalista – e a própria sociedade de consumo – entrou em colapso, situação que pode resultar ou não em derrocada. A economia tem propriedades orgânicas – e como qualquer elemento vivo sofre transformações. E os modelos conhecidos parecem não dar conta do futuro. Para onde iremos então?

Somos reféns e dependentes do consumo, numa relação de total simbiose. Nós nos definimos nossa identidade pelo que compramos e não pelo que somos, como argumenta o sociólogo polonês Zygmunt Baumann.

As reflexões em torno destes temas me levaram à tomada de uma decisão. A partir do dia 14 de agosto, data na qual eu comemoro mais um ano de vida, lutarei contra meus ímpetos consumistas e passarei 365 dias em um jejum específico. Até que eu assopre velinhas em 2014, não comprarei nenhuma peça de roupa, nenhum par de sapatos. Okay, minha atitude pode não colocar em risco o sistema capitalista, nem causar uma demissão em massa, mas já me sinto de certa forma mais livre. É um desafio, já que acredito ter o suficiente para me vestir e calçar por este prazo.

Quero viver melhor com menos. E espero que o mundo encontre uma forma de que todos, especialmente àqueles para os quais “o menos” impera no cotidiano, tenham um modelo melhor de futuro. Ainda que não saibamos qual será.


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Recomendo:

https://www.youtube.com/watch?v=OcPD1pLdkoQ

http://www.youtube.com/watch?v=gECgJbWOppo

http://www.youtube.com/watch?v=in4u3zWwxOM&feature=youtu.be

http://www.istoe.com.br/reportagens/8877_CONSUMO+QUANDO+O+DESEJO+DE+COMPRAR+VIRA+DOENCA

http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2013/05/22/e-mais-facil-dizer-chega-do-que-nunca-para-o-consumismo/

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