quarta-feira, agosto 17, 2005

Fim do Inferno Astral




2005 tem sido um ano estranho. Não é só a política que parece ter tomado um rumo enlouquecedor. Tudo está muito esquisito também no meu universo particular (bom, menos que na vida do Marcos Valério, isso é óbvio).

A mudança começou logo no dia 13 de janeiro –dia do aniversário do meu filho Henrique. Foi nesta data que senti com toda força do mundo aquela dor FDP no ombro. Ela foi o marco de uma reviravolta em uma vida aparentemente pacata --conforme a pauta do dia--, com direito a noites em claro na fila do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), crise depressiva, freela com a Scheila Carvalho (quem diria?), novo corte, cor e ‘textura’ de cabelo, idas e vindas pra São Paulo etc.

De um dia para o outro, eu deixava --por imperativos do destino—a ocupação de repórter (e freqüentadora de academia de ginástica nas horas vagas) para outra não menos sofrida. A de dona-de-casa (essa sim, uma total sedentária).
Em princípio, fui ‘engessada’ pela dor e passe quase dois meses com o braço inerte, enlouquecendo menos graças à HBO e ao Cinemax. Dois meses sem dormir e tendo que provar ao empregador a origem do problema, fincada ao longo de mais de dois anos de trabalho semi-escravo.
Depois, uma disposição natural –porém quase ‘ópia’ (sic)— fez com que eu me interessasse por decoração e acabasse por pintar paredes e instalar vasos (na verdade, foi uma maneira de eu me vingar de meu próprio ombro).

2005 tem sido um ano difícil. Sem grana. Porém, estranhamente, um ano muito mais equilibrado e com menos dívidas –forçosamente enxultas pelo orçamento minguado (dentre as contenções fui obrigada a incluir o pacote HBO, meses atrás).

Desde fevereiro, meu filho Henrique tem sofrido constantes crises de bronquite, rinite e muitos outros ‘ites’ que deveriam permanecer apenas como sufixo na página dos dicionários –e deixar minha família de vez.

Apesar de todos os contras, 2005 também tem sido –estranhamente, mais uma vez— bacana (na medida do possível).
Reencontrei prima (dá-lhe Larinha) e amigos perdidos, o deleite de olhar para dentro e de escrever voluntariamente (sem ter um editor me ligando a cada minuto ou sob obrigação de cavar a melhor pauta possível). Fiz amigos blogueiros, assisti ao filme que esperava há tanto, passei muito mais tempo com minha família, redescobri o gosto de fazer bolos de chocolate à tarde e a vontade de estudar ‘de verdade’.
Dediquei-me ao inglês, tentei em vão ingressar na USP e a curar algumas feridas aparentemente incuráveis.

Agora, recentemente chegada aos 28 anos, descobri que 2005 tem sido um ano muito, muito diferente. Estranho? Sim. Incerto? Muito. Mas sem dúvida um ano em que meus sonhos têm enchido de cores e esperança essa vidinha antes tão monocromática.

Imagem: Skrull de Andy Wahrol

7 comentários:

Anônimo disse...

Já falei que eu adoro o Warhol? Primeiro porque ele não tem vergonha de fazer obras com coisas mais populares possíveis. Segundo porque ele é mentor do Velvet Underground... e terceiro... ah , precisa de terceiro?

Ainda bem que estou chegando apenas no fim desse marasmo... e que bom saber que tudo está querendo ir embora..(poxa , Sheila Carvalho é dose... fala sério)

BJs!

Anônimo disse...

Eu não acredito nesta coisa de inferno astal asntes do aniversário. Já pude sentir na pele meses e mais meses de inferno, que nada tinham a ver com meu aniversário.
Se 2005 foi dificil? Foi e muito.
Estranho? eu diria que pra mim tem sido bizarro.
Mas descontando umas coisinhas aqui e outras ali, sempre tem coisas, pessoas e momentos bons. E é disso que eu vou me lembrar depois.

Anônimo disse...

2005 está sendo estranho e inesperado para todos.
André

Mapie disse...

meu ano estranho deve ter sido 2003, quando descobri como escrever e o que escrever. é sempre estranho isso, mas também é recompensador.

Stela disse...

Amigos, que bom saber que o ano é estranho para todos. Não que eu seja egoísta, mas estava me sentindo deveras azarada. Imaginem só uma descoberta que fiz outro dia. O meu par de botas que mais gosto está com a sola totalmente desgastada. E sabem de uma coisa? O lado esquerdo está muito pior que o direito.

Quanto ao Warhol, tenho um terceiro motivo. A franja dele era o máximo! E ele foi o 'mentor' de Basquiat (mas daí vira o quaro motivo).. rs

Anônimo disse...

Só uma breve coincidência: meu filho também é Henrique e também é de janeiro (O8).
Abraços.

Stela disse...

Adoro o mês de janeiro. É bobo isso. Mas é fato. Sempre me acontecem coisas bacanas em janeiro. E o Henrique foi a melhor delas!